Um estudo global apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que o remdesivir, antiviral considerado promissor contra a Covid-19, tem “pouco ou nenhum efeito” para evitar mortes pela doença. Os resultados foram divulgados na quinta-feira (15) e aguardam revisão por pares. 

O estudo reuniu dados de 11 mil pacientes em 30 países e 405 hospitais, e mostrou que, de modo geral, o medicamento não provocou alterações relevantes nas taxas de mortalidade ou tempo de internação.    

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Desenvolvido originalmente para tratar o Ebola, o remdesivir foi apontado como uma esperança no combate à Covid-19 graças à sua capacidade de interferir na reprodução do vírus. Recentemente, o medicamento fez parte do coquetel experimental ministrado ao presidente dos EUA, Donald Trump, que contraiu o novo coronavírus no mês passado.

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Além de remdesivir, estudo reafirmou ineficácia da hidroxicloroquina. Imagem: Marcelo Ricardo Daros/Shutterstock

Agora, ele se junta às outras drogas que ganharam alguma popularidade no início da pandemia, mas acabaram se revelando ineficazes, como a hidroxicloroquina. Esta, inclusive, também foi considerada pelo estudo, assim como o interferon e a composição lopinavir/ritonavir. 

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“Para cada medicamento do estudo, o efeito sobre a mortalidade foi decepcionantemente pouco promissor”, concluiu a OMS.

Remdesivir mostrou benefícios em outros estudos

Ouvido pelo The New York Times, o doutor Peter Chin-Hong, especialista em doenças infecciosas da Universidade da Califórnia, pediu cautela na interpretação do estudo.

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Ele observou que ensaios grandes como este, realizados em diversos países e envolvendo vários sistemas de saúde, podem extrair dados de protocolos de tratamento inconsistentes, cujos efeitos são difíceis de analisar.

De fato, os dados apresentados pela OMS contradizem dois grandes estudos norte-americanos que apontaram que o remdesivir pode reduzir o tempo de internação de pacientes com Covid-19. 

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Outros estudos indicam que remdesivir reduz o tempo de internação por Covid-19. Imagem: Kunal Mahto/Shutterstock   

“Os resultados parecem inconsistentes com evidências mais robustas de múltiplos estudos controlados, e publicados em revistas, que validam o benefício clínico do remdesivir”, afirmou, em nota, a farmacêutica fabricante da droga, Gilead Sciences.

Em 1º de maio, o remdesivir recebeu autorização de uso emergencial da Food and Drug Administration, agência que regula a saúde pública nos EUA, após um teste do National Institutes of Health descobrir que o medicamento reduz o tempo de recuperação de pacientes graves. 

No Brasil, a Anvisa autorizou testes com o remédio em junho, e atualmente ele está em fase de aprovação. 

Via: The New York Times