A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) publicou um novo estudo onde reafirma a possibilidade de reinfecção pela Covid-19 – ressaltando ainda que pegar a doença uma segunda vez pode fazer com que ela venha mais forte que na anterior.

O estudo da Fiocruz foi publicado pela Social Science Research Network, e estabelece um tom maior de vulnerabilidade da população à doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), além de desmentir um mito perene na população desde o início da pandemia: um que dizia que recuperados da Covid-19 estariam imunes à infecção.

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Há duas semanas, um caso de reinfecção foi identificado no Brasil.

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Casos de reinfecção têm potencial para trazer formas mais severas da Covid-19, já que pacientes assintomáticos não necessariamente estão imunes. Imagem: fizkes/Shutterstock

“Sinto como uma questão de responsabilidade social divulgar o quanto antes”, afirmou Thiago Moreno, o virologista que liderou o estudo, ao Estadão. “Se você já teve uma infecção assintomática ou branda, isso não significa que não vá ter de novo, nem que será branda novamente”, completou o especialista, que pediu pela aceleração na divulgação dos resultados de sua pesquisa.

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O estudo da Fiocruz fez o acompanhamento semanal de quatro pessoas que não tiveram nenhum sintoma da Covid-19 desde março, quando a pandemia começou. Testes RT-PCR foram feitos em todos eles, com resultados positivos, porém apresentação assintomática. Em outras palavras: os indivíduos não apresentavam os sintomas, mas haviam contraído o novo coronavírus.

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Reinfecção pela Covid-19 é possível e pode retornar com mais força, segundo levantamento da Fiocruz. Imagem: angellodeco/Shutterstock

Moreno informou que, ao final de maio, um dos voluntários procurou novamente o time de pesquisa da Fiocruz, afirmando sintomas mais intensos da doença, como perda de paladar e olfato, febres e dores de cabeça.

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“Quando fizemos o RT-PCR mais uma vez, os quatro indivíduos testaram positivo. O que observamos foi uma reinfecção dentro do ambiente familiar”, disse o virologista. “Contudo, a pessoa que apresentou em março o genótipo associado a casos importados agora estava infectada por uma outra cepa. O outro indivíduo, que tinha sido infectado com o genótipo que circulava no Rio continuava com o mesmo genótipo, mas ele já tinha algumas mutações acumuladas, o que permitiu a interpretação de que era uma reinfecção e não uma persistência da infecção”, explicou Moreno.

Mulher deitada na cama, tossindo com força
Voluntários assintomáticos foram testados pela fundação em março, mas retornaram em maio reclamando de sintomas mais fortes. Imagem: Africa Studio/Shutterstock

Com base nestas percepções, Moreno e sua equipe concluíram que a reinfecção pelo Sars-Cov-2 não é apenas possível, como também pode aparecer de forma mais intensa em pessoas previamente saudáveis: “Pessoas com casos assintomáticos ou muito brandos, se forem reexpostas ao vírus, poderão ter novamente uma infecção. Desta vez, pode ser uma infecção mais severa do que a primeira, como demonstrado na pesquisa”.

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Segundo o especialista, o mesmo comportamento pode ser observado em outros vírus de transmissão aérea, como é o caso do Influenza, responsável pela H1N1 e outras variações da gripe. Basicamente, quando o corpo humano encontra um organismo estranho, lança uma resposta imunológica para combater este organismo, mas no caso de infecções leves, não há um registro de memória do invasor – em outras palavras, foi um episódio específico que não gerou a imunização.

Em casos mais graves, o corpo responde com a criação de um padrão de resposta específico para aquele vírus – o que forma a imunização do corpo, mas isso pode não ser duradouro.

Fonte: O Estado de São Paulo