A Boeing foi criminalmente acusada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) de conspiração para lesar o país em um caso relacionado à queda de dois aviões 737 Max. Como resultado, a empresa firmou um acordo que resultará no pagamento de uma multa de US$ 2,5 bilhões.

Deste montante, US$ 243,6 milhões são uma pena pelo crime cometido, US$ 1,77 bilhões são compensação as companhias aéreas que operam o Boeing 737 Max e US$ 500 mihões serão destinados às famílias, herdeiros e beneficiários legais dos 364 passageiros que morreram nos acidentes com os vôos Lion Air 610 e Ethiopian Airlines 302.

“Os trágicos acidentes do Lion Air 610 e do Ethiopian Airlines 302 expuseram a conduta fraudulenta e enganosa de funcionários de um dos maiores fabricantes mundiais de aviões comerciais”, disse o procurador-geral adjunto em exercício David P. Burns da Divisão Criminal do Departamento de Justiça.

Boeing 737 Max: aeronaves foram impedidas de voar por mais de um ano

“Os funcionários da Boeing escolheram o caminho do lucro em vez da franqueza, ocultando informações materiais da FAA sobre a operação de seu avião Boeing 737 Max e empenhando-se em encobrir suas mentiras. Esta resolução responsabiliza a Boeing pela conduta criminosa de seus funcionários, aborda o impacto financeiro para os clientes das companhias aéreas da Boeing e, esperamos, fornece alguma medida de compensação para as famílias e beneficiários das vítimas”, afirmou.

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“As declarações enganosas, meias-verdades e omissões comunicadas pelos funcionários da Boeing à FAA impediram a capacidade do governo de garantir a segurança do público”, disse o procurador dos EUA Erin Nealy Cox para o Distrito Norte do Texas. “Este caso envia uma mensagem clara: o Departamento de Justiça responsabilizará fabricantes como a Boeing por fraudar reguladores – especialmente em setores onde os riscos são tão altos”.

Anteriormente a Boeing havia anunciado um fundo de US$ 100 milhões dedicado a compensar as famílias e parentes das vítimas dos acidentes.

Entenda o caso do Boeing 737 Max

Entre março de 2019 e dezembro de 2020 a frota mundial de Boeing 737 Max foi proibida de voar após dois acidentes fatais em circunstâncias similares, o primeiro com o voo Lion Air 610 em Jakarta, na Indonésia, em outubro de 2018 e o segundo com o Ethiopian Airlines 302 em Nairobi, no Quênia, em março de 2019.

Em ambos os casos as aeronaves caíram minutos após a decolagem após um novo sistema de controle de voo chamado MCAS repetidamente baixar o nariz do avião em direção ao solo, numa tentativa de corrigir uma possível situação de estol (stall) resultante de uma falha no design.

Para economizar tempo e dinheiro com certificação, a Boeing não comunicou adequadamente aos pilotos e companhias aéreas a existência do MCAS. Como resultado, os pilotos estavam lutando contra um “inimigo desconhecido” e não tinham ciência da real situação ou da forma correta de agir.

Mais tarde, durante a investigação dos acidentes, ficou demonstrado através de e-mails internos que os funcionários e executivos da Boeing sabiam da possibilidade de que o MCAS causasse acidentes, mas se esforçaram para ocultar esta informação com medo de que viesse a prejudicar as vendas da aeronave e os lucros da empresa.

Como resultado dos acidentes e investigação o CEO da Boeing, Dennis Muellenberg, foi demitido no final de 2019. Na saída, recebeu um pacote de ações e outros benefícios equivalente a US$ 60 milhões.

A Gol foi a primeira empresa a retomar os voos com o Being 737 Max, no início de dezembro de 2020.

Fonte: Departamento de Justiça dos EUA