O desenvolvedor Kosta Eleftheriou, criador dos teclados virtuais Flesky (comprado pelo Pinterest) e Blind Type (comprado pelo Google), está em uma cruzada contra apps falsos na App Store. Tudo começou quando ele decidiu investigar clones de seu app mais recente, um teclado virtual para o Apple Watch chamado FlickType.

O mais gritante se chamava KeyWatch. A estratégia do “concorrente” era simples: criar um app praticamente não funcional, que logo na primeira tela exige que o usuário clique em um botão para “desbloquear” seu uso. Ao fazer isso, na verdade o usuário está comprando uma assinatura do app por US$ 8 (cerca de R$ 42) semanais, enchendo os bolsos dos desenvolvedores.

Para convencer os usuários a baixar o app fraudulento, os desenvolvedores compram reviews e avaliações falsas na App Store, e anunciam em redes sociais como o Facebook usando os materiais de marketing do app original. O resultado do esquema é uma arrecadação de US$ 2 milhões (R$ 10,7 milhões) ao ano sem praticamente nenhum esforço.

Após a denúncia de Kostas detalhando o esquema, a Apple tirou o KeyWatch do ar. Mas deixou na loja outros apps do mesmo vendedor, todos eles com o mesmo modo de operação. Um deles, o “GPS Speedometer”, está arrecadando US$ 200 mil (mais de R$ 1 milhão) por mês.

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Desde então Kostas vem destacando outros apps e desenvolvedores que aplicam o mesmo golpe. Um deles, o Stargazer+, supostamente ajuda na observação das estrelas. Mas mesmo sem funcionar, ele arrecada US$ 5 milhões (R$ 26,7 milhões) ao ano.

Outros desenvolvedores que se juntaram à discussão sugeriram potenciais soluções. Marco Arment, criador do cliente de podcasts Overcast, afirma que a Apple poderia resolver a questão facilmente eliminando a opção de assinatura semanal. Já outros, como David Barnard, sugerem um redesenho da janela de compra no iOS para destacar o valor que está sendo pago.

Mas segundo Kostas, a Apple também é parte do problema. Em primeiro lugar por sua linguagem ao anunciar a App Store, promovendo-a como um lugar “seguro e confiável”, o que faz com que os usuários baixem a guarda. Em segundo lugar, pelo sistema de resolução de conflitos ineficiente. Em declaração ao TechCrunch, ele disse:

“Eles te colocam em contato com outro desenvolvedor, e acompanham a discussão enquanto esperam que você resolva a questão diretamente com ele”, explica.

“Os golpistas sobre os quais reclamei na disputa nem eram os maiores que mencionei em uma discussão no Twitter. Ainda assim, quase nada foi feito, e a Apple não deu nenhuma resposta sequer sobre a questão de avaliações e reviews falsos. É simplesmente um ‘se não ouvirmos uma resposta sua muito em breve, consideraremos o caso fechado’. Até entrei diretamente em contato com a Apple em privado depois disso, mas não tive resposta”, complementa.

Aos usuários, vale a mesma dica de sempre para se proteger: antes de instalar um app, não se guie somente pelas “estrelas” ou nota e leia os reviews deixados pelos usuários.

Mesmo com uma reputação imaculada, um app falso sempre vai ter uma boa quantidade de reviews negativos, muitos deles tentando alertar outros usuários sobre o golpe. Alguns minutos de atenção podem lhe economizar algumas horas de aborrecimento, sem falar em algum dinheiro, no futuro.

Fonte: 9to5Mac