O robô explorador (rover) chinês Yutu 2, que chegou ao lado distante da Lua em janeiro de 2019, encontrou uma rocha que deixou os cientistas intrigados. Angulosa e alongada, ela se projeta do solo como um “marco de milha” usado em antigas estradas romanas, e se destaca em relação ao terreno ao redor.

A rocha foi encontrada durante o 26º dia lunar (um dia lunar equivale a 27 dias terrestres) da missão do robô. Em 6 de fevereiro, manhã do 27º dia lunar, a agência espacial chinesa (CNSA, China National Space Administration) concordou em conduzir o rover até a rocha e usar um instrumento chamado VNIS para analisar sua composição.

O VNIS (Visible and Near-infrared Imaging Spectrometer, Espectrômetro Visível e em Infravermelho Próximo) é um instrumento sensível à luz visível e ultravioleta, e pode determinar a composição de um objeto analisando a luz refletida por ele.

É o mesmo instrumento que foi usado para analisar a “substância similar a um gel” encontrada na superfície lunar em julho de 2019, que mais tarde foi identificada como uma espécie de vidro criado pelo impacto de um meteoro ou erupção vulcânica no passado.

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Dan Moriarty, bolsista do programa de pós-doutorado da NASA no Goddard Space Flight Center em Greenbelt, Maryland, explicou ao site Space.com o interesse dos cientistas pelo que parece uma simples pedra pontuda.

A rocha incomum encontrada pelo Yutu 2 no lado distante da Lua. Imagem: CNSA

“Parece ter a forma de um caco e está saindo do chão. Isso é definitivamente incomum. Com o tempo, múltiplos impactos, estresse causado por mudanças de temperatura e outras formas de desgaste na superfície lunar tendem a quebrar rochas e dar a elas um formato mais ou menos esférico”, disse.

Ou seja, a rocha é nova (em relação ao restante do terreno) e provavelmente não é “nativa” do local onde foi encontrada. “Eu definitivamente suporia uma origem como material ejetado de alguma cratera próxima”, disse Moriarty. Segundo o pesquisador, é possível que um fragmento intacto de rocha seja arremessado da superfície próxima ao local de um impacto sem experimentar o mesmo choque que o ponto de impacto sofre.

Clive Neal, um especialista lunar na Universidade de Notre Dame, concorda que, com base nas imagens, a rocha foi ejetada por um impacto e não é rocha matriz exposta. “A pergunta que eu tenho é: elas são locais? Espero que os dados do VNIS permitam avaliar sua origem como sendo local ou exótica, ou seja, de fora da área onde foi encontrada”, disse.

Em branco, o caminho percorrido pelo Yutu 2 desde sua chegada à Lua. O local de pouso da Chang’e 4 está no canto inferior direito da imagem. Imagem: CNSA

O robô chinês Yutu 2 foi originalmente foi projetado para durar apenas 90 dias terrestres, pouco mais de três dias lunares. Desde que chegou à Lua, ele já percorreu uma distância de 628 metros. Recentemente a China completou com sucesso a missão Chang’e 5, que recolheu amostras do solo lunar e as trouxe de volta à Terra.

Fonte: Space.com

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