Um novo estudo realizado na Índia aponta uma possível relação entre o uso de óculos e a contaminação pela Covid-19. De acordo com o estudo, divulgado ainda sem revisão por pares, pessoas que utilizam o acessório podem ter reduzido entre 2 a 3 vezes o risco de contrair a doença.

A relação observada pelos pesquisadores tem a ver com hábitos, e não com alguma possível propensão genética. Os cientistas pontuam no estudo que a proteção se deve ao fato de que os óculos podem proteger o usuário de contaminação pelos olhos, chegando à conclusão de que esta é uma via importante para propagação viral.

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O estudo levou em conta um grupo de 304 pacientes de Covid-19, mas concluiu que 58 entre eles utilizavam óculos (escuros ou regulares) sempre que saíam de casa, o que é cerca de 20% da amostra. O artigo também leva em conta que 40% da população indiana utiliza óculos, o que os levou a concluir que há um aspecto protetor no uso do acessório.

“O papel protetor dos óculos foi entendido como estatisticamente significante, se eles forem usados por um grande período do dia (mais de 8 horas). Tocar e esfregar os olhos com mãos contaminadas pode ser uma rota de infecção significante para infecção pelo vírus Sars-Cov-2”, diz o artigo.

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O estudo aponta que o duto nasolacrimal pode ser uma rota do coronavírus do saco conjuntival, localizado dentro da pálpebra inferior, até a nasofaringe, localizada no fundo do nariz.

No entanto, os pesquisadores reconhecem alguns limites nos resultados. O principal deles é que a incidência do coronavírus entre a população mais pobre, que precisa se expor para sobreviver e tem menos acesso à informação sobre como se proteger, é maior do que entre os mais ricos, que podem se isolar. Eles também observam que, na Índia, a população economicamente mais frágil tende a usar óculos com menos frequência, o que pode criar um viés no estudo.

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Além disso, os pesquisadores também admitem que a amostra de pouco mais de 300 voluntários é pequena demais para uma conclusão ampla e que o tempo de realização do estudo foi curto demais. Também não foi possível medir esse impacto durante um momento de pico da pandemia, então os pesquisadores sugerem o desenvolvimento de novos e maiores estudos que possam trazer mais informações sobre o assunto.