Em um país de proporções continentais qualquer campanha de vacinação nacional é um desafio, mas com a pandemia da Covid-19, levar o imunizar para povos isolados é uma tarefa ainda mais dramática. Seja de barco, de avião, ou de caminhão, os médicos precisam chegar as comunidades mais extremas em uma época em que deslocamentos estão sendo evitados.

Uma reportagem da Associated Press (AP) acompanhou um grupo de profissionais de saúde que levaram uma carga de vacinas para o quilombo Kalunga Vale de Almas, em Goiás, e mostrou os desafios da equipe em manter as vacinas armazenadas na temperatura correta em uma região de clima quente e úmido.

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A enfermeira Rosemeire Bezerra contou que utilizou “geladeiras” de isopor para manter a vacina refrigerada e garantir a vacinação de 190 famílias em locais isolados do município. A missão precisava ser cumprida em até quatro dias, esse é o tempo que o gelo levou para derreter. “É uma responsabilidade muito grande se eles estão perdidos. Tratei essas vacinas como se fosse minha filha”, explicou.

O local é especialmente desafiador por conta da distância entre as casas e a péssima condição das estradas da região. Os profissionais muitas vezes tinham que vacinar pessoas que encontravam pelo caminho.

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Mais isolados

Outra região isolada que recebeu o imunizante é a aldeia indígena Baré, no Amazonas. Para chegar até o local é necessário mais de duas horas de barco. Além da logística ainda é necessário convencer os moradores isolados a aceitarem a vacinação.

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Januário Carneiro, coordenador da Unidade de Saúde Indígena da região de Manaus, contou para a AP que chegou a ser recebido por tiros no local. Apesar da inicial recusa, praticamente todos os moradores da tribo já foram vacinados. No total, 71% dos cerca de 15 mil indígenas da região de Manaus já receberam pelo menos a primeira dose.

De acordo com a Fiocruz, um dos motivos que levam a priorizar grupos indígenas e quilombolas na vacinação é justamente os locais insolados em que eles vivem. Ir até lá para vacinar apenas os mais idosos e ter que voltar depois para imunizar o resto acaba não valendo a pena.

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Via Associated Press

Imagem: FG Trade (iStock)

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