As respostas das células T, também conhecidas como linfócitos T, podem explicar os casos assintomáticos de pacientes com Covid-19, segundo cientistas de Singapura. Um estudo publicado no Jornal Of Experimental Medicine (JEM) analisa amostras de sangue de 85 homens diagnosticados com a doença e de 75 pacientes hospitalizados com sintomas que variavam de leves a graves em três instituições hospitalares do País: Hospital Geral de Singapura, Hospital da Universidade Nacional e Centro Nacional de Doenças Infecciosas.

Após coletarem regularmente as amostras de sangue dos participantes, os especialistas concluíram que a frequência com que as células T reconhecem as proteínas virais do novo coronavírus em assintomáticos e em pacientes com sintomas é muito similar. Por outro lado, as células T de indivíduos assintomáticos produziram quantidades maiores das proteínas IFN-γ e IL-2, citocinas que ajudam a coordenar a resposta do sistema imunológico ao novo coronavírus.

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Isso quer dizer que, em pessoas infectadas sem sintomas cujas células de defesa produzem as proteínas sinalizadoras, existe uma reação mais coordenada do sistema imunológico no combate ao microrganismo.

Estudo coletou amostras de sangue de pacientes com Covid-19 em Singapura. Crédito: Shutterstock

Estudos anteriores sugeriram que quem não tem sintomas precisa produzir menos anticorpos do que quem é sintomático, mas os pesquisadores afirmam que ainda é preciso investigar mais a fundo as células T e fazer testes em grande escala. “As infecções assintomáticas podem fornecer a chave para entender como o sistema imunológico controla o vírus sem desencadear processos patológicos”, afirma Nina Le Bert, pesquisadora da Escola de Medicina da Universidade Nacional de Singapura.

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Processo não ocorre em idosos

Infectados pelo novo coronavírus com 65 anos ou mais tendem a apresentar uma resposta imune desorganizada, que pode estar associada a formas mais graves de Covid-19. Para pesquisadores do Instituto La Jolla de Imunologia, na Califórnia, nos EUA, o sistema imunológico tem uma ramificação que usa dois componentes para se adaptar a invasores: células T CD4+ e T CD8+. Eles estudaram a resposta imune de 24 indivíduos com sintomas de leves a graves e publicaram os resultados na Revista Cell

Idosa recebe vacina contra a Covid-19
Idosos são mais atingidos por apresentarem resposta descoordenada à infecção. Foto: Rido/Shutterstock

Essas células foram associadas a sintomas mais leves e formas mais brandas da doença, o que sugere que elas estão envolvidas na imunidade protetora da Covid-19. Os estudiosos notaram, ainda, que a coordenação de resposta imune não ocorre em indivíduos com mais de 65 anos. Esses pacientes têm escassez dessas células, o que pode estar associado ao envelhecimento e a respostas indesejadas da doença.

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Uma possível explicação para a diferença entre adultos e idosos é que as respostas coordenadas de células T e de anticorpos, que ocorrem em adultos, são protetoras, enquanto as reações descoordenadas predominantes em idosos falham no controle da doença. Por isso, ao produzir menos anticorpos, células T CD4+ e T CD8+, o sistema imune dos idosos tende a desenvolver doenças mais graves.

O estudo conclui que, tanto os anticorpos como as células T obtidas de forma ordenada, podem ser armas importantes na prevenção de casos graves de Covid-19.

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Fonte: Revista Galileu