Novas teorias sobre as linhas de declive de Marte, conhecidas como “estrias” do planeta vermelho, intrigam cientistas. As faixas foram descobertas em 2011 por pesquisadores que analisavam as imagens capturadas pela câmera High Resolution Imaging Experiment (HiRISE) que estava a bordo do MKars Reconnaissance Orbiter (MRO) da Nasa.
Os pesquisadores chegaram a especular que as linhas de declive recorrentes (RSL, na sigla em inglês), presentes principalmente no hemisfério sul do planeta vermelho, se tratavam de manchas causadas por água líquida salgada que transbordava em regiões quentes o suficiente para derreter a camada de gelo subterrâneo.
A ideia ganhou força em meados de 2015, quando dados coletados pelo Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer (CRISM), da MRO, apontaram que havia uma assinatura de sais hidratados em alguns locais do RSL, o que é esperado encontrar após o líquido salgado evaporar.

Imagem: A. McEwen / NASA / JPL-Caltech / Univ. Do Arizona
Porém, em 2018 um estudo colocou a teoria em questionamento, pois a imaginada assinatura de sal hidratado se tratava, na verdade, de um artefato de processamento de dados. Essas dúvidas ganharam força com trabalhos experimentais e de modelagem que apontam que deslizamentos de terra estão agravando essas manchas escuras encontradas no solo das encostas quentes de Marte.
A ideia das “estrias” ser causada por deslizamentos se fortificou após uma tempestade de areia em 2018 que deixou mais pontos de RSL aparentes. Segundo a equipe liderada por Alfred McEwen, principal investigador da HiRISE, foram encontradas 150 manchas após a tempestade, o que supera e muito a média de 36 pontos apresentados nos seis anos anteriores. Vale lembrar que os anos são contados de acordo com o tempo de Marte, ou seja, 687 dias terrestres para cada ano.
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“Existem rastros claros de redemoinhos em 73% das imagens pós-tempestade nas latitudes médias do sul no verão, onde e quando os redemoinhos estão mais ativos”, afirmam os pesquisadores que relataram que o registro de poeira em encostas íngremes podem iniciar e manter os RSL formados.
No dia 25 de março, McEwen discutiu a teoria na reunião da Primavera 2021 do Comitê de Proteção Planetária das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos, quando afirmou que as hipóteses úmidas das “estrias” de Marte não sobreviveram. O cientista do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona também disse que as regiões de RSL não devem ser consideradas especiais, locais que podem sustentar a vida na Terra.
McEwen informou que se essa visão se tornar um consenso, é mais fácil que as equipes da Nasa e de outras agências espaciais enviem rovers aos locais onde estão localizadas as “estrias”, para que as características possam ser analisadas de perto.
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