Um grupo de cientistas australianos anunciou a descoberta de um objeto raro no cosmos: um buraco negro “intermediário”, com massa maior do que um buraco negro estelar típico (resultante do colapso de uma estrela), porém menor do que os buracos negros supermassivos encontrados no coração de galáxias.

Mais especificamente, buracos negros intermediários tem entre 100 a 100 mil vezes a massa do nosso Sol. A descoberta foi feita quando a equipe analisou a luz vinda de explosões de raios gama, que acontecem quando uma estrela explode e se transforma em uma supernova, ou quando duas estrelas se fundem.

Leia mais:

Segundo os pesquisadores, a luz da explosão conhecida como GRB 950830 apresenta sinais de ter sido influenciada por uma “lente gravitacional“. O fenômeno ocorre quando luz viajando através do espaço passa próxima demais de um buraco negro. A imensa atração gravitacional do objeto curva os raios e altera o caminho da luz, assim como uma lente de vidro altera o caminho da luz viajando ao nosso redor.

publicidade

O fenômeno só pôde ser detectado porque, de nosso ponto de vista, GRB 950830 e o novo buraco negro estão alinhados. Os pesquisadores estimam que objeto tenha massa equivalente a 55 mil sóis, o que o colocaria no meio da escala para um buraco negro intermediário. A determinação exata de seu tamanho depende de sua distância e da distância da explosão, parâmetros que ainda não conhecemos com precisão

Mas o mais importante é que a descoberta permite à equipe estimar a quantidade de buracos negros intermediários existentes no universo: só na vizinhança de nossa galáxia, a Via Láctea, seriam 40 mil deles.

Exemplo de como um buraco negro distorce a luz de uma explosão de raios-gama, gerando uma "lente gravitacional"
Exemplo de como um buraco negro (ao centro) distorce a luz de uma explosão de raios-gama, gerando uma “lente gravitacional”. Imagem: Carl Knox / Ozgrav

“Usando este novo candidato a buraco negro, podemos estimar o número total destes objetos no universo. 30 anos atrás imaginamos que isso poderia ser possível, e é empolgante ter encontrado um forte exemplo”, disse a professora Racher Webster, da Universidade de Melbourne, co-autora do estudo e pioneira na pequisa de lentes gravitacionais.

Encontrar buracos negros de tamanho intermediário é algo importante para completar o quebra-cabeça galáctico, mas pode nos levar a descobertas ainda maiores. Cientistas acreditam que eles foram a “semente” a partir da qual surgiram os buracos negros supermassivos no centro das galáxias.

“Embora saibamos que estes buracos negros supermassivos estão ocultos no núcleo da maioria, se não de todas, as galáxias, não entendemos como estes monstros foram capazes de crescer tanto considerando a idade do universo”, disse James Paynter, pesquisador da Universidade de Melbourne.

Fonte: IFLScience