A crosta continental rígida e rochosa é uma característica marcante do nosso planeta há bilhões de anos. Para tentar calcular a sua idade, os pesquisadores geralmente estudam a decomposição de substâncias químicas presas nas rochas. Normalmente rochas carbonáticas ou calcárias recuperadas do oceano, que são constituídas de: ‘calcita’ (carbonato de cálcio) e/ou ‘dolomita’ (carbonato de cálcio e magnésio).

No entanto, esses minerais são difíceis de encontrar em condições puras o suficiente para serem analisados. Pensando nisso, uma equipe de cientistas desenvolveu uma nova maneira de datar os pedaços da crosta terrestre. Uma pesquisa que foi apresentada na última segunda-feira (26) na conferência virtual de Geociências da União Europeia mostrou que ao analisar um mineral chamado ‘barita’ (uma combinação de sais oceânicos e bário liberado por aberturas vulcânicas no oceano), cientistas encontraram evidências de que a idade dos continentes foi mal avaliada por estimativas anteriores.

publicidade

Os minerais de barita se formam no fundo do mar, onde a água quente e rica em nutrientes emana das fontes hidrotermais. Segundo os pesquisadores, existe uma relação íntima entre as rochas marinhas e os estudos da crosta continental, já que os continentes e oceanos têm uma longa história de troca de nutrientes.

Desiree Roerdink, geoquímica da Universidade de Bergen, na Noruega, diz que um pedaço de barita, que está no planeta há pelo menos três bilhões e meio de anos, é um “ótimo registrador” para observar os processos que ocorreram na Terra.

publicidade

Desgaste dos continentes e os depósitos de barita

À medida que os continentes se “desgastam” naturalmente com o passar do tempo, eles derramam nutrientes nos oceanos. Esses nutrientes ajudam a promover a vida marinha.

Estudo revela a relação íntima entre as rochas marinhas e a idade da crosta continental. Imagem: NicoElNino/Shutterstock

Um dos elementos que “vaza” da terra para o mar é o estrôncio (elemento químico de símbolo ‘Sr.’), um metal alcalino-terroso abundante na natureza. Medindo a proporção de estrôncio em seis depósitos diferentes de barita, os pesquisadores conseguiram calcular a idade desses minerais, que variaram de 3,2 até 3,5 bilhões de anos. A partir daí, a equipe conseguiu deduzir há quanto tempo os antigos continentes começaram a enviar o estrôncio aos oceanos.

publicidade

Leia mais:

A equipe concluiu que a Terra já possuía continentes formados há 3,7 bilhões de anos. Na prática, meio bilhão antes que o estimado anteriormente por estudos baseados em minerais carbonáticos. No fim, além de indicar que os continentes são muito mais antigos do que se pensava, o estudo também aponta que os processos que os “criaram”, como as placas tectônicas, por exemplo, também já estavam ativos desde então.

publicidade

Via: Space