Diversos estudiosos buscam respostas não para apenas entender a complexa Covid-19, mas se adiantar e se preparar para as consequências ainda desconhecidas que a doença pode trazer. Hoje em dia, é normal ouvir relatos de pessoas que contraíram o vírus e após a cura se queixarem de queda de cabelo, dores de cabeça ou até confusão mental, seja por origem física ou psicológica.
De acordo com o site Meio Norte, profissionais de saúde e pesquisadores no ambulatório montado pelo Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), em parceria com a PUCPR, desenvolveram uma pesquisa acadêmica para descobrir mais sobre as sequelas da doença.
Segundo os resultados, que considerou pacientes entre 24 e 76 anos, algumas sequelas permaneceram mesmo após um mês curados da Covid-19. São elas: fadiga (90%); perda de massa muscular (85%); dispneia (70%) e cefaleia (50%).
“Logo no começo da pandemia nós percebemos que seria necessário um espaço especializado para tratamento das possíveis sequelas da Covid-19 nos pacientes. Certos disso, criamos o ambulatório para prestar atendimento gratuito aos pacientes e ainda contribuir com os avanços das pesquisas, ajudando a mapear o vírus e as sequelas mais comuns e severas da doença. O ambulatório une serviço, pesquisa e educação”, disse a pesquisadora do ambulatório, Cristina Baena, em entrevista ao site.
Um outro estudo desenvolvido por norte-americanos observou ainda que distúrbios cardiovasculares, metabólicos, gastrointestinais, neurológicos, anemia, dores e cansaço também fazem parte da gama de possíveis sequelas que pacientes podem ter no pós-Covid.
Diante disso, eles consideram ser de extrema importância continuar dando atenção à saúde mesmo já estando livres do vírus. Publicado na revista Nature, o artigo é considerado um dos maiores a respeito do tema e tem o objetivo de estudar não apenas as sequelas, mas entender se são temporárias ou permanentes.
![Teve sequelas após contrair Covid-19? Conheça 5 efeitos pós-doença que podem ser temporárias ou não. Imagem: Shutterstock](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2021/06/Covid-1.jpg)
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Conheça abaixo algumas sequelas que diversas pesquisas buscam entender a periodicidade
Demência
Uma das explicações para entender o possível comprometimento neurológico é a possibilidade de o vírus penetrar no sistema nervoso central, afetando neurônios e células da glia, induzindo várias patologias, o que inclui a perda de olfato tão mencionada pelos infetados. Em algumas pesquisas, danos cognitivos também são considerados.
“A doença de Alzheimer tem como fisiopatologia uma resposta inflamatória, assim como o coronavírus. Isso significa que a Covid-19 pode acelerar o processo de inflamação no sistema nervoso central e, por consequência, acelerar um quadro demencial latente”, explicou o neurologista dos hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, Carlos Twardoswchy, ao Meio Norte.
Perda de massa muscular
O tempo gasto internado, parado e sem poder se levantar em um leito de hospital causa diversos problemas, entre eles a perda de massa muscular. De acordo com dados do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), a duração média da internação hospitalar pela Covid-19 é de 22 dias.
“Os internados apresentam diversas alterações de funcionalidade tanto da musculatura respiratória quanto da musculatura periférica, em membros superiores, inferiores e também têm sua capacidade cardiorrespiratória comprometida pelo alto tempo de internação”, explica a fisioterapeuta do ambulatório pós-Covid do Hospital Universitário Cajuru, Maria Leonor Gomes de Sá Vianna.
AVC e Trombose
Pacientes hipertensos estão na lista de ‘pacientes de risco’ da Covid-19, eles também possuem uma maior pré-disposição para desenvolver trombose e AVC.
“O coronavírus desregula a pressão dos hipertensos, mesmo com uso de medicamento. O vírus pode facilitar a formação de coágulos, que levam à possibilidade de evoluir para complicações como AVC e infarto”, relata o cardiologista e intensivista da UTI Covid do Hospital Marcelino Champagnat, Paulo Negreiros.
Doenças Hepáticas
A Covid-19 afeta o fígado de duas formas, uma parecida com a hepatite e a outra através da colangite, podendo ser muito agressiva ao órgão, principalmente se esse paciente já possuir alguma doença hepática crônica.
“As queixas podem ser icterícia (“amarelão”), coceira, náuseas e evoluir com a descompensação da doença hepática crônica, aumentando a taxa de mortalidade”, disse o hepatologista Jean Tafarel ao portal de notícias.
TOC
Além das consequências cerebrais físicas, as psicológicas como estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade e depressão também fazem parte do leque de possíveis sequelas. Casos de transtornos obsessivos compulsivos (TOC) também têm se tornado frequentes, diante do medo de contrair a doença somado à necessidade de higienização.
“O medo da contaminação causa em muitas pessoas a preocupação excessiva em passar álcool em gel nas mãos, limpar compras do mercado, chegando a afetar de maneira negativa a rotina. E isso é ainda mais impactante nos pacientes que passaram por internações e vivenciaram momentos de incerteza nos hospitais, longe dos familiares”, contou a psicóloga Rosane Melo Rodrigues.
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