Os big techs Google, Facebook e Twitter estão na mira do governo na Rússia. Em mais uma rodada de restrições, o Kremlin adotou novas regras que colocam em xeque a liberdade de expressão de usuários.
A decisão é do Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Meios de Comunicação de Massa da Rússia, órgão federal regulador russo conhecido também como Roskomnadzor, cujas exigências podem acarretar na retirada de determinados conteúdos dos respectivos serviços.
As autoridades russas também defendem que sejam restaurados os conteúdos pró-Kremlin retirados recentemente do ar.
Caso as empresas não adotem as novas regras, o governo pode aplicar multas, começando em 1º de julho, ou até mesmo iniciar um possível bloqueio de acesso pelos usuários.
Duelo de gigantes
As restrições se tornaram rotineiras na Rússia desde que os serviços do Facebook, Twitter e Google foram utilizados para atrair manifestantes contra o Kremlin, em janeiro.
A partir desse ponto, atritos entre autoridades russas e empresas de tecnologia se acentuaram. Houve o bloqueio de milhares de peças do Google consideradas ilegais pelo Roskomnadzor, com a aplicação de multa de cerca de US$ 81 mil.
Já Facebook e Twitter estão sendo obrigados a armazenar dados sobre os usuários dentro do país.
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A escalada de restrições também já tiveram rounds em que o Kremlin dificultou o acesso ao Twitter e às postagens de usuários após a empresa se negar a retirar conteúdos considerados ilegais pelo governo russo.
De março para cá, a empresa acabou cedendo e já removeu cerca de 6 mil posts, seguindo ordens da censura locais.
Censura à web
Todas as restrições impostas no país fazem parte de uma série de ações do governo russo como forma de manter o poder do atual presidente Vladimir Putin. E segue o mesmo roteiro de censura à web adotado em vários países como China e Índia.
Na Rússia, as empresas de internet são vistas como aliadas contra os censores do governo que, por sua vez, acreditam que elas incitam protestos.
No entanto, a decisão de sair às ruas é reflexo da liberdade de expressão e utilização cada vez maior das plataformas digitais, seja para divulgar ideias contra o governo de Putin, seja para mobilizar os russos a analisar criticamente as decisões oficiais.
Trata-se de uma tendência global de engajamento do público, que atinge todas as esferas da sociedade, inclusive a política.
Em sua defesa, o Roskomnadzor informou que as medidas objetivam o cumprimento de leis russas, que obrigam a retirada de conteúdos considerados ilegais.
O Google se recusou a discutir a situação na Rússia. O Facebook informou que “sempre se esforça para preservar a voz do maior número de pessoas”. Em nota, o Twitter escreveu que o acesso a uma internet livre e aberta é um direito essencial de todos os cidadãos”.
Via: Exame.