Engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveram um tipo de “fibra programável”, com aplicabilidade em campos como medicina e saúde, no monitoramento de atividades do corpo e detecção antecipada de doenças.

Segundo a pesquisa divulgada na revista Nature Communications (edição de junho), a “fibra programável” (oficialmente referida como “fibra digital”) pode “identificar padrões escondidos no corpo humano”, interpretando-os de forma contextual para ser aplicada nas situações acima.

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Imagem mostra um atleta praticando exercícios de musculação, com uma regata cheia de símbolos tecnológicos, fazendo alusão à "fibra programável" da matéria
Fibra usa inteligência artificial e alta tecnologia para medir parâmetros do corpo e determinar desde atividades físicas até propensão a doenças. Imagem: Syda Productions/Shutterstock

A tal fibra, segundo a revista, é capaz de sentir, armazenar, analisar e identificar atividades após ser costurada em uma camiseta. “Esse trabalho apresenta a primeira criação de um tecido com a habilidade de armazenar e processar dados digitalmente, adicionando uma nova dimensão de conteúdo informativo aos produtos têxteis e permitindo que tecidos sejam, literalmente, programáveis”, disse Yoel Fink, professor de ciências materiais e engenharia no MIT e autor do estudo.

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Detalhando tecnicamente, a nova fibra é feita de centenas de pequenos chips de silício, dispostos em uma base pré-formada para se criar um polímero. Ao controlar de forma exata o fluxo desse polímero, o time do MIT foi capaz de manter uma conexão elétrica de forma contínua entre os chips ao longo de dezenas de metros.

O interessante é que, visualmente, o produto não difere de uma fibra normal: a versão programável é fina e flexível, podendo ser passada pela cabeça de um alfinete e costurada em tecidos, além de ser lavada até 10 vezes sem perder sua capacidade. “Quando você veste uma camiseta, você nem a sente. [Se não contássemos], ninguém saberia que ela estaria ali”, disse Gabriel Loke, outro participante do projeto.

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O especialista faz uma analogia de sua criação, pensando nela como um “corredor”. Segundo ele, a fibra programável permite que seus elementos sejam controlados individualmente. “É como se cada elemento fosse uma sala, e cada sala tivesse seu próprio número”. Nesta analogia, Fink diz que a nova fibra permite que você acione um elemento (ou “sala”) sem que os outros precisem responder.

Na prática, isso permite aplicabilidades interessantes: durante testes, a nova fibra foi capaz de “armazenar” um curta-metragem colorido cujo arquivo tinha 767 KB de tamanho, e também uma música de 0,48 MB, por dois meses sem necessidade de recarga de energia.

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“Imagine, por exemplo, um vestido de noiva que possa armazenar a trilha sonora do casamento em seu tecido”, disse Loke, que ressaltou que a fibra traz também 1.650 conexões neurais, salientando suas capacidades de inteligência artificial. Em testes, uma parte da fibra foi costurada na axila de uma camiseta e, ao se conectar com o corpo de quem a vestiu, coletou cerca de 270 minutos de dados relacionados à temperatura da pessoa.

A partir daí, a fibra analisou picos de temperatura para determinar quais foram os momentos de atividade física mais intensa. Sendo treinadas com essas informações, as conexões neurais foram capazes de determinar o que exatamente a pessoa estava fazendo, com 96% de precisão.

Com isso, a expectativa é a de que, no futuro, roupas de atletas possam analisar digitalmente eventuais quedas de ritmo respiratório ou desempenho esportivo, bem como problemas de longo prazo, como decadência muscular decorrente da idade.

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