Amazon Flex demite funcionários por algorítmo de software

Rafael Queiroz29/06/2021 09h30, atualizada em 29/06/2021 14h15
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CAMBRIDGE, MA - DECEMBER 18: Amazon Flex driver Arielle McCain, 24, deliveres package in Cambridge, Mass., on Dec. 18, 2018. McCain picks packages up from the Amazon Fulfillment center in Everett, Mass., and delivers them around the Boston-area. (Photo by Pat Greenhouse/The Boston Globe via Getty Images)
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Trabalhadores autônomos que prestam serviço para o Amazon Flex, nos Estados Unidos, denunciaram possíveis demissões viabilizadas por softwares de inteligência artificial da gigante de que supostamente tomam decisões pelos Recursos Humanos.

Segundo matéria da Bloomberg, ex-funcionários e inúmeros relatórios disponibilizados na internet questionam a eficácia e o funcionamento ético do processo tecnológico e algorítmico que define as demissões e quedas na avaliação de entregadores.

A ex-funcionária Neddra Lira relatou, em entrevista à publicação, que sua taxa de avaliação despencou após ter de retornar pacotes para um galpão logístico da Amazon em virtude de um pneu furado.

Neddra tentou questionar a empresa quanto à queda da sua avaliação, mas após alguma semanas de insistência, a funcionária teve ser contrato encerrado por “violação dos termos de serviço”. Ela ainda irá apelar contra a decisão, mas a empresa não a ressarciu.

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Motoristas do Amazon Flex fazem fila para retirar pacotes em um depósito da Amazon em Irvine, Califórnia (EUA). Fonte: Shutterstock

Há casos também como o do funcionário Stephen Normandin, que não consegui efetuar encomendas por encontrar os portões fechados nos locais de entrega. Os destinatários também não responderam às mensagens no telefone.

Ele alega que, em virtude desses acontecimentos, sua taxa de avaliação caiu “além do nível aceitável”, o que o levou a ser desligado da companhia.

Sofwares inteligentes com mínima interferência humana

Todas as denúncias feitas pelos entregadores apontam que as decisões são tomadas a partir de bots de inteligência artificial que analisam a performance de funcionários de acordo com indicadores e taxas de avaliação.

Esses relatórios de desempenho são analisados e interpretados com o mínimo de interferência humana. Neles, são levados em consideração o upload de documentos comprobatórios do início e fim dos turnos de trabalho, listagem de entregas, problemas de percurso e monitoramento de taxas de avaliação do serviço.

Apesar das inúmeras denúncias e de funcionários enxergarem o sistema como problemático, a Amazon ainda não sinalizou mudanças nem preocupações quanto à situação.

De acordo com um ex-engenheiro que ajudou a desenvolver o Amazon Flex, os executivos da empresa tinham noção de que o sistema poderia trazer problemas para a companhia, disse ele à Bloomberg sob anonimato.

O programa da Amazon foi desenvolvido em 2015 pela gigante do e-commerce com objetivo de fazer entregas rápidas para clientes Amazon Prime.

Via: Arstechnica

Redator(a)

Rafael Queiroz é redator(a) no Olhar Digital

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