Pesquisadores da Universidade de Exeter, em Bristol, na Inglaterra, estudaram isótopos e um aminoácido de fragmentos de uma casca de ovo de avestruz escavados na região de Karoo, na África do Sul. Eles descobriram evidências importantes sobre as mudanças climáticas extremas enfrentadas pelos primeiros ancestrais humanos. 

De acordo com o estudo, partes do interior da África do Sul que hoje são secas e pouco povoadas já foram pântanos e pastagens entre 250 mil e 350 mil anos atrás – momento chave da evolução humana.

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Cascas de ovos são excelentes fontes de informações sobre períodos antigos. Imagem: fotoslaz – Shutterstock

Segundo os pesquisadores Philip Kiberd e Alex Pryor, o local onde a casca foi encontrada é um dos poucos sítios arqueológicos no sul do continente africano datados daquele período, uma época associada ao aparecimento mais antigo de comunidades com as assinaturas genéticas do Homo sapiens.

Essa nova pesquisa apoia outras evidências, a partir de ossos de animais fósseis, de que comunidades do passado na região viviam entre rebanhos de gnus, zebras, pequenos antílopes, hipopótamos, babuínos e espécies extintas como o Megalotragus priscus e Equus capensis, e os caçavam ao lado de outros carnívoros, hienas e leões.

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Junto a achados anteriores no mesmo sítio, a casca do ovo sugere que, há 200 mil  anos, climas mais frios e úmidos deram lugar a uma aridez crescente. Um processo de mudança reconhecido por impulsionar a rotatividade e a evolução das espécies, incluindo o Homo sapiens.

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Publicado no periódico científico South African Archaeological Bulletin, o estudo aborda uma técnica que envolve a moagem de uma pequena parte da casca do ovo até virar pó, permitindo que os especialistas analisem e datem a casca, o que, por sua vez, determina o clima e o meio ambiente do passado.

Por que cascas de ovos de avestruz trazem evidências importantes do passado?

Usar casca de ovo de avestruz para investigar climas anteriores é possível porque esses animais comem as folhas mais frescas de arbustos e gramíneas disponíveis em seu ambiente, o que significa que a composição da casca de ovo reflete sua dieta. 

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Avestruz com seus ovos no Karoo, mesma região da África do Sul onde foram escavados os pedaços de cascas de ovos antigos da espécie. Imagem: Dominique de La Croix – Shutterstock

Como os ovos são colocados na estação de reprodução em uma janela curta, as informações encontradas na casca do ovo da avestruz fornecem uma imagem do ambiente e do clima predominantes por um período de tempo preciso.

A Fazenda Bundu, onde o material foi recuperado, é uma área a 50 km da pequena vila mais próxima, situada dentro de um semi-deserto, que comporta um pequeno rebanho de ovelhas. 

Kiberd, que liderou o estudo, disse que “essa parte da África do Sul é agora extremamente árida, mas milhares de anos atrás seria uma paisagem semelhante ao Éden, com lagos e rios e abundantes espécies de flora e fauna”. 

Ele afirma que a análise da casca de ovo de avestruz “ajuda a entender melhor os ambientes em que nossos ancestrais estavam evoluindo e fornece um contexto importante para interpretar os comportamentos e adaptações das populações no passado e como isso levou à evolução de nossa espécie”.

Com informações do Phys.org.

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