Drones com inteligência artificial estão aprendendo a procurar meteoritos caídos na Terra

Cientistas aplicaram machine learning para que drones façam imagens de campos onde um meteorito pode ter caído, com IA analisando resultados
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 09/07/2021 17h32, atualizada em 12/07/2021 10h36
Drone no céu
Drones/Dmitry Kalinovsky/Shutterstock
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Cientistas estão testando drones com capacidade de inteligência artificial (IA), para que os dispositivos voadores consigam encontrar meteoritos caídos na Terra, mas que, por qualquer razão, tenham passado despercebidos pelos nossos sistemas de detecção.

A ideia é projetar uma “grade virtual” — não muito diferente das linhas quadriculadas que você vê em algumas câmeras de smartphones —, estabelecendo uma área inteligente de busca para que os drones tirem fotos. Depois, por meio de aprendizado de máquina — um dos principais conceitos da inteligência artificial —, um algoritmo identifica locais onde meteoritos podem ter caído.

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“Essas imagens podem ser analisadas por meio de um classificador baseado em aprendizado de máquina, a fim de identificar meteoritos em campos, inseridos no meio de outros itens”, disse Robert Citron, da Universidade da Califórnia, em um artigo recentemente publicado pela revista Meteoritics & Planetary Science.

Citron e sua equipe vêm testando essa premissa desde 2019, com a maior parte das avaliações do sistema conceitual sendo aplicadas em Walker Lake, no estado norte-americano de Nevada. Lá, naquele ano, houve a queda de um meteorito de menor porte, o que vem ajudando os cientistas a refinar a técnica de busca.

Em tese, o sistema criado por Citron e seus colegas permite que o algoritmo faça a separação entre rochas comuns e meteoritos, embora o entendimento dele seja simplista: basicamente, ele entende como “possível meteorito” literalmente qualquer coisa que não seja uma rocha devidamente catalogada como “da Terra”.

Evidentemente, isso gerou um número considerável de falsos positivos, já que muitas pedras da Terra ainda não foram devidamente classificadas. Entretanto, nos eventuais encontros com meteoritos, não houve erro.

Partindo da premissa de que o sistema todo ainda está em uma fase conceitual, Citron e o resto da equipe estão cada vez mais otimistas, planejando levar os drones com inteligência artificial para identificar meteoritos em locais remotos e de difícil acesso.

“Considerando que um meteorito no futuro possa cair em qualquer terreno”, disse o especialista em um e-mail enviado ao Phys.org, “o nosso sistema precisa de um algoritmo de detecção mais objetivo, treinado com exemplos de vários tipos de meteoritos, em vários tipos de região. A fim de criar uma rede de detecção apropriadamente treinada, milhares de imagens de exemplos serão necessárias”.

Cientistas planetários estimam que, anualmente, cerca de 500 meteoritos atingem o solo após sobreviverem à queima de detritos na nossa atmosfera. Entretanto, a maioria deles são bem pequenos e menos de 2% conseguem ser recuperados e estudados. Há ainda rochas que caem no oceano, completamente inacessíveis.

Diante disso, um sistema desse tipo pode muito bem ajudar os especialistas a ampliar nossos conhecimentos sobre esses artefatos espaciais.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital