O Tupã, o supercomputador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) adquirido por R$ 50 milhões em 2010, será desligado em 2021. A grande questão é que o seu sucessor, que deve chegar ao Brasil em setembro, será um equipamento com menos poder de processamento.

Segundo Gilvan Sampaio, coordenador-geral do Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) e do Inpe, isso pode colocar em risco a criação de modelos precisos de previsão do tempo, aumentando a possibilidade de prejuízos para diversos setores no país.

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Supercomputador Tupã
O Tupã chegou a ser considerado o 29º supercomputador mais rápido do mundo e o 3º mais poderoso na área de previsão do tempo na época de sua aquisição. Imagem: Inpe/Reprodução

Apesar dos riscos, a troca será inevitável, já que o Tupã está obsoleto. Isso sem considerar os custos para mantê-lo funcionando. Somente em energia elétrica, por exemplo, são gastos R$ 5 milhões ao ano.

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Sampaio também teme que a falta do Tupã possa iniciar um período de paralisação na produção de dados relevantes para a tomada de decisões no Brasil. Grande parte da demanda por estatísticas e previsões vêm, por exemplo, da agricultura, setor onde essas informações ajudam a entender as probabilidades de chuva e as características das estações.

Outro agravante será a possível dependência do Brasil de soluções de centros estrangeiros. É o que destaca o professor do departamento de Ciências Atmosféricas do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), Pedro Leite da Silva Dias.

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“Existem situações em que ter o próprio modelo de previsão adequado às condições locais fornece dados mais confiáveis do que a de modelos mais genéricos que costumam ser disponibilizados por esses centros”, explica Dias.

O sucessor do Tupã

Supercomputadores como o Tupã têm uma vida útil de em média cinco anos e precisam receber atualizações constantes à medida que a tecnologia avança. Por enquanto, a máquina vai deixar de exercer algumas funções para prolongar o seu funcionamento e reduzir os custos com energia e reposição de peças.

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Segundo o Uol, o CPTEC direciona desde 2018 suas previsões numéricas de tempo e clima sazonal para o XC50, um equipamento de porte menor. Com isso, o Tupã ficou responsável por fazer pesquisas de mudança climática, com projeções de anos e até décadas.

Em breve, o desenvolvimento de modelos para eventos climáticos extremos será assumido por um novo computador adquirido pelo MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações). Contudo, o equipamento não terá a mesma capacidade para criar previsões de longo prazo.

De acordo com o MCTI, o substituto do Tupã custou US$ 700 mil (pouco mais de R$ 3,6 milhões em conversão direta). O diretor do Inpe, Clezio Marcos de Nardin, afirmou que a máquina é mais moderna e eficiente em consumo de energia.

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