Uma nova pesquisa mostra que estávamos errados sobre o cupim-do-mar: esse molusco marinho não se alimenta da forma como nós imaginávamos. Explicando melhor: sabemos que esse animal se alimenta da lignina presente na celulose. Para isso ele se prende à madeira e abre buracos. O que não sabemos é “como”.
Pelo nosso entendimento, o que se pensava é que o cupim-do-mar – cientificamente chamado de teredo navalis, “teredo” ou “taredo” – digeria a celulose extraída da madeira por meio de bactérias especialmente desenvolvidas em seu corpo, como a maioria dos animais que se alimentam dela o fazem. E segundo a resposta mais científica possível do paper, “não é bem por aí”.
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“É inacreditável”, disse Reuben Shipway, professor assistente adjunto de Microbiologia na Universidade de Massachusetts-Amherst e um dos autores do estudo. “Os gregos antigos escreveram sobre eles, Cristóvão Colombo perdeu sua frota naval para o que ele chamou de ‘a destruição que o verme trouxe’ e, hoje, cupins-do-mar causam bilhões de dólares em danos por ano”.
Esses moluscos são encontrados em regiões tropicais, desempenhando um papel importante em pântanos, brejos e mangues: eles reciclam imensas quantidades de carbono ao longo de suas vidas. Shipway, porém, fala de forma incrédula: “Ainda assim, não sabemos como eles fazem o que eles fazem”.
Isso porque a celulose é extremamente difícil de ser digerida, e animais que o fazem geralmente têm condições especiais em seus corpos para isso. “Imagine uma casca de ovo incrivelmente grossa e muito dura”, disse Barry Goodell, professor de microbiologia e outro autor do estudo.
Segundo ele, alguns fungos e bactérias conseguem destruir a lignina, a macromolécula localizada nas paredes rígidas da celulose. Os cupins-do-mar, pensava-se, seguiam esse processo: alguma bactéria simbiótica com essa capacidade cuidava de quebrar a celulose, que alimentava o molusco. O estudo, porém, mostrou que não.
“Eu pesquisei os genomas de cinco diferentes espécies de cupins-do-mar”, disse Stefanos Stravoravdis, o autor primário da pesquisa e estudante de graduação de Microbiologia da Universidade de Massachusetts-Amherst. “Eu procurei por grupos específicos de proteína que criam as enzimas que sabemos serem capazes de digerir a lignina. Eu não encontrei nada”.
Não que isso vá impedir os cientistas de continuarem: os três já admitiram que devem publicar novos materiais nas próximas semanas, tudo em busca de entender como funcionam os corpos dos cupins-do-mar: “Nós precisamos compreender esse processo”, disse Stravoravdis.
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