Remoto também no oceano: Petrobras adota Hololens 2 e permite atuação a distância

Tissiane Vicentin16/07/2021 22h22
Imagem mostra um técnico da Petrobras equipado com a HoloLens, da Microsoft
Crédito: Petrobras/Ehder Souza
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Da mesma forma que muitos segmentos do mercado estão realizando suas transformações digitais e adotando diferentes tecnologias para trazer inovação aos negócios, a indústria tem feito avanços.

Além de internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), que é bastante citada entre as principais adoções para processos da chamada Indústria 4.0, há também investimentos em dispositivos de realidade aumentada. Segundo pesquisa da Fortune Business Insights, os investimentos em soluções de realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) podem alcançar US$ 120,5 bilhões em 2026.

É nessa toada que a Petrobras está se reinventando, por meio de uma parceria com a Microsoft para o uso de Hololens 2 por profissionais técnicos nas plataforma de refinarias da petrolífera. A iniciativa permite a operação remota em situações em que a agilidade é essencial.

Especialmente nesse momento de pandemia, com a adoção de protocolos de prevenção ao contágio pela Covid-19, a companhia afirma que a tecnologia permitiu não apenas cumprir com as normas sanitárias, como também assegurou que as intervenções pudessem ser realizadas por especialistas sem que o tempo de deslocamento do profissional fosse um empecilho – o que mostrou-se bastante oportuno em situações de emergência.

“Acreditamos que a adoção de novas tecnologias como o Hololens trazem ganhos, sobretudo à segurança operacional e em eficiência da unidade”, afirmou o gerente-geral da Refinaria Henrique Lage (Revap), Fernando Tadeu de Castilho. A iniciativa foi divulgada com exclusividade ao Olhar Digital.

Imagem mostra um técnico da Petrobras equipado com a HoloLens, da Microsoft
Uso dos Hololens está em fase piloto em algumas plataformas da Petrobras.
Crédito: Petrobras/Ehder Souza

A Revap fica localizada em São José dos Campos (SP) e foi um dos primeiros locais a receber o equipamento. Outro local que está com o dispositivo em uso para suporte à operação offshore é o navio-plataforma P-57.

A P-57 é uma plataforma do tipo FPSO (sigla em inglês para unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo), parte do campo de Jubarte, na Bacia de Campos, a 80 km da costa do Espírito Santo (ES).

Além disso, o Hololens está sendo usada em análise de reservatórios (diversos escritórios em que a companhia atua) e no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes).

Com o sucesso da adoção, a ideia é ampliar o uso da tecnologia. “Os próximos passos incluem a adaptação desse tipo de assistência remota na operação da P-50”, conta o engenheiro eletricista Vitor de Oliveira Thomaz, que atua na aplicação de realidade mista na Unidade de Negócios de Exploração e Produção do Espírito Santo.

O período atual ainda faz parte de um processo de disseminação da ferramenta por meio de uma série de treinamentos, e o objetivo é aperfeiçoar cada vez mais essa adoção, comenta o gerente-geral da Revap, Fernando Tadeu de Castilho.

Dentre os principais ganhos estimados estão aumento na segurança e confiabilidade às operações, reduzindo riscos, perdas associadas a falhas operacionais, evitando também acidentes.

A Petrobras é a primeira companhia a utilizar essa tecnologia na fase de operação no Brasil.

Trabalho conjunto

A parceria entre a Petrobras e a Microsoft teve início em 2020, como um projeto-piloto que está em funcionamento desde o início deste ano.

Na Revap, em São José dos Campos, a tecnologia foi colocada em uso em janeiro, e vem sendo ampliada desde então. Já na Unidade de Negócios do Espírito Santo (UN-ES), a tecnologia foi de fato implantada e está em uso desde abril, com reuniões recorrentes para indicação de pontos fortes e adequação para melhorias no uso da tecnologia.

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A definição pela adoção de realidade mista na operação da Petrobras se deu por iniciativa da área de Transformação Digital e Inovação da empresa, que identificou que a tecnologia poderia ser aplicada ao contexto de atuação dela e, por consequência, traria ganhos mensuráveis à operação.

A escolha da Microsoft, por sua vez, foi definida após análise técnica de atendimento dos requisitos do equipamento, e testes iniciais com o Hololens 2 que, segundo a Petrobras, atenderam à qualidade e segurança requeridas para implementação. As atividades seguiram normas e regulamentos de suprimentos da Petrobras.

A parceria foi viabilizada com base na Política Nacional da Inovação. Dentre as iniciativas mais promissoras, foram identificados para a área de Exploração & Produção, uma assistência remota, com objetivo principal de reduzir a necessidade de embarque de grandes equipes para realizar atividades de delineamentos de projetos e também para agilizar a resposta de atividade de suporte técnico. E, para o Refino, o auxílio ao operador de campo em suas manobras operacionais, reduzindo a chance de falha humana.

A partir desse início e dos insights extraídos durante o uso da ferramenta, a Microsoft pode elaborar um pacote de soluções voltada às necessidades da refinaria.

“É uma oportunidade diferente. A Petrobras apresenta os desafios diários de uma plataforma e a Microsoft propõe soluções. O aprendizado e aperfeiçoamento são mútuos”, explica Marcelo Sarter Stoco, engenheiro eletricista que trabalha na P-57.

Na prática

Nesse primeiro momento, os tripulantes de uma plataforma de petróleo no meio do oceano conseguem habilitar um “embarque” de forma remota aos profissionais que estão em terra.

Também por meio da tecnologia de realidade mista, os técnicos conseguem inserir objetos como informações e modelos virtuais de equipamentos. Dessa forma, os técnicos conseguem realizar tarefas como manutenção, inspeção e outras atividades que englobam o suporte remoto de especialistas que não necessariamente previsam estar próximos da plataforma, muito pelo contrário: eles estão quilômetros distantes da unidade.

A gerente de operação da Revap, Carina Laidens, acompanhou de perto a implantação da tecnologia na unidade. Ela destaca que o Hololens 2 vem sendo aplicado tanto em tarefas da rotina operacional como em treinamentos.

“Esse tipo de óculos permite inserir elementos virtuais no ambiente real de trabalho, aumenta a segurança das tarefas e facilita o treinamento”, ressalta, Carina.

Imagem mostra os óculos de realidade mista HoloLens 2, da Microsoft
Com os óculos de realidade mista da Microsoft, os Hololens, é possível inserir elementos virtuais no ambiente real de trabalho. Crédito: Reprodução/Microsoft

A primeira utilização do Hololens 2 na refinaria foi no processo de isolamento de energias para equipamentos em manutenção. Nessa área, em especial, foi observado inclusive um potencial de redução em falhas operacionais.

“Quando pensamos em segurança da operação, a grande vantagem é que o uso dos óculos permite que se enxergue todo o ambiente em volta e não apenas a imagem virtual”, conclui Carina.

A Petrobras ressalta, também, que viu uma grande aceitação pelos técnicos e rápida adaptação na utilização da realidade mista, inclusive daqueles que têm menos facilidades com ferramentas digitais.

A tecnologia ainda está sendo considerada em fases de testes os resultados estão sendo acompanhados, e as expectativas são boas e o projeto, de acordo com a empresa, será avaliado de forma global até o final do ano.

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Redator(a)

Tissiane Vicentin é redator(a) no Olhar Digital