Um verdadeiro imunizante contra a desinformação. É assim que está sendo chamado um jogo online desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. De acordo com o estudo, algumas técnicas do jogo poderiam fazer com que as pessoas não caíssem em fake news na vida real.

Com o ensino das técnicas usadas por progadadores de fake news, a Universidade de Cambridge cria game para “vacinar” usuários contra a desinformação. Imagem: Mashka – Shutterstock

“(O objetivo) é criar uma espécie de resistência psicológica contra a persuasão, para que, no futuro, quando você estiver exposto à desinformação, ela seja menos convincente, porque você terá ‘anticorpos’. Em outras palavras, se você conhece as técnicas e os truques usados para enganar as pessoas ou persuadi-las, você terá menos probabilidade de cair neles”, explicou Jon Roozenbeek, pesquisador do Laboratório de Tomada de Decisões Sociais do Departamento de Psicologia da Universidade de Cambridge, em entrevista à BBC News Brasil.

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Chamado de “Go Viral!”, o jogo tem cerca de cinco minutos de duração. Nele, o jogador assume o papel de um internauta que quer viralizar nas redes sociais a qualquer custo. Para isso, ele precisa usar determinadas técnicas que são, na vida real, usadas por propagadores de fake news.

Dessa forma, a ideia é que, no decorrer do jogo, o usuário entenda como essas técnicas podem manipular as pessoas. Assim, quando ele se deparar com uma publicação parecida nas redes sociais, ele vai ter mais consciência de que pode estar sendo manipulado.

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Pesquisa entre os jogadores do “Go Viral!” apontam melhora na percepção de fake news

Em um estudo publicado na revista acadêmica Big Data & Society, os pesquisadores perceberam, por meio de formulários respondidos pelos jogadores do “Go Viral!”, que eles melhoraram a percepção do que é manipulação e, muitas vezes, deixaram de compartilhar fake news. Agora, resta saber por quanto tempo dura essa “imunidade”.

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Embora confiem no impacto positivo da “vacina” contra fake news, os pesquisadores têm ressalvas a respeito da “imunidade de rebanho”. 

“Fisicamente, a imunidade de rebanho reduz a praticamente zero a chance de circulação de um vírus. Imunidade de rebanho contra sarampo significa que ninguém tem sarampo. Contra a desinformação, não funcionaria dessa forma — seria inatingível, com qualquer intervenção que seja”, afirma Roozenbeek.

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Para o pesquisador, os grupos mais suscetíveis à desinformação são, também, menos propensos a mudanças. “Esses grupos são menos suscetíveis a intervenções e a mudar de ideia. Não é realista achar que um jogo vai mudar isso”, comenta.

Jogue “Go Viral!” online

O game está disponível online por meio deste link, podendo ser jogado em diversas línguas, inclusive em português do Brasil.

Para jogar, não é preciso fazer nenhum cadastro, e as respostas à equipe de pesquisa são opcionais.

O jogo é composto de três eixos: no primeiro, é preciso explorar as emoções do espectador; no segundo, inventar especialistas; e, no terceiro, alimentar teorias da conspiração.

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