O Trace Gas Orbiter, satélite projeto europeu desenvolvido em parceria com a agência espacial russa (Roscosmos), não encontrou nenhum sinal de metano na atmosfera de Marte — ou mesmo qualquer outro componente químico derivativo dele, que poderia ser um indício da presença de vida no planeta vermelho.
A espaçonave chegou em Marte em meados de 2016, apontando três instrumentos de análise e captura de informações à atmosfera do planeta em busca de sinais de vida na presença de gás metano, bem como outros componentes reagentes à luz do Sol, etano ou etileno.
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Entretanto, mesmo com dois anos e meio de coleta bruta de dados pelo instrumento conhecido como ACS, além de um ano de informações obtidas por outro instrumento — o NOMAD —, não houve qualquer incidência dos gases buscados, segundo um comunicado emitido pela Agência Espacial Europeia (ESA) junto da Roscosmos russa. Mais além, um terceiro time a serviço desta parceria estava buscando outro indicador de vida — especificamente, a fosfina —, mas também acabou de mãos vazias.
Os três estudos entram em contraste com o que afirma a Nasa, que identificou, por meio de seu veículo de exploração (rover) Curiosity, a presença de pequenas emissões de metano nas camadas mais baixas da atmosfera de Marte, estimando cerca de 30 moléculas do gás para cada bilhão de outras moléculas encontradas na região.
Nenhum dos pesquisadores por trás dos três estudos novos, porém, afirma categoricamente que não há metano no planeta vermelho. Embora eles reconheçam a sensibilidade extrema dos instrumentos usados pelo Trace Gas Orbiter, há, segundo eles, a possibilidade de que o gás procurado esteja apenas em concentrações tão baixas, ou tão bem escondido em camadas mais inferiores, que eles simplesmente não conseguiram uma leitura mais precisa.
“O Curiosity tira suas medidas logo nas primeiras camadas da superfície de Marte, enquanto o nosso orbitador as tira de alguns quilômetros acima dela”, disse Franck Montmessin, um cientista da entidade Laboratoire Atmosphères, Observations Spatiales (LATMOS), na França, e que chefia a autoria do estudo. “Então a diferença entre essas duas conclusões pode ser explicada pelo fato de qualquer metano estar preso na parte mais baixa da atmosfera ou próxima dela”.
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