Um time de cientistas usou cálculos estatísticos para estimar que, em um sistema de estrelas próximo da Terra, podem se esconder exoplanetas ainda não descobertos. De acordo com o cálculo, a região estelar conhecida como “55 Cancri”, que já conta com vários planetas identificados, pode esconder mais alguns que ainda não vimos.
Segundo os especialistas, a quantidade de recursos computacionais necessária para observar e identificar factualmente tais planetas é grande demais neste momento, então eles decidiram construir um modelo estatístico, criando simulações envolvendo um disco protoplanetário (uma espécie de disco de gás e poeira que rodeia uma estrela recém-formada) composto de mais ou menos 500 protoplanetas de massa similar a Marte, e permitiu que esses corpos se chocassem, fundissem e partissem.
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Isso porque o sistema 55 Cancri, como dissemos, já tem vários planetas descobertos, mas também tem bastante espaço para mais: principal característica desse sistema binário é sua composição por uma estrela um pouquinho menor que o nosso Sol e uma anã vermelha orbitando a cerca de mil unidades astronômicas.
Em uma distância inferior àquela entre a Terra e o Sol, 55 Cancri já conta com quatro planetas, com o mais próximo das estrelas tendo oito vezes a massa da Terra. Os dois seguintes tem 50 vezes a nossa massa e, finalmente, o quarto é um gigante gasoso, quase igualando a massa de Júpiter.
O quinto e último planeta descoberto nesse sistema, porém, tem cinco vezes a massa de Júpiter e, tal qual o maior planeta do nosso sistema, é um gigante gasoso. O quarto e o quinto planetas estão na zona habitável do 55 Cancri – ou seja, é uma região onde planetas poderiam ter água em estado líquido: nem perto demais da estrela para que o material não ferva, nem longe demais para que ele não congele.
É aqui que entra a simulação dos protoplanetas: ao permitir, no estudo, que seus objetos colidissem, pedaços deles seriam eventualmente absorvidos pelos dois gigantes gasosos – na verdade, a maior parte dos destroços teria esse destino. Entretanto, estatisticamente falando, a conclusão atingida pelos cientistas é a de que ainda haveria material suficiente para se criar um planeta de proporções similares à Terra. E mais além: a força gravitacional dos dois gigantes não seria um impedimento para o nascimento desses exoplanetas teóricos.
Haveriam, porém, algumas diferenças: ainda que dentro da zona habitável, a distância entre as estrelas do sistema 55 Cancri e os supostos exoplanetas seria na parte mais externa de suas eventuais órbitas. Em outras palavras, os exoplanetas poderiam ter até seis vezes o volume de água da Terra – mas essa água seria, em sua maior parte, congelada.
De qualquer forma, o estudo, publicado na base de dados arXiv, e ainda pendente de revisão pelos seus pares, pode abrir a possibilidade de novos formatos de cálculo para a descoberta de exoplanetas. Atualmente, nós só conseguimos observá-los mediante suas proximidades com as estrelas de onde eles habitam — mas ao levantar a possibilidade da existência desses planetas em distâncias maiores pode ampliar o número de descobertas nos próximos anos.
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