Bióloga explica aparecimento de 59 pinguins mortos no litoral de Santa Catarina

Flavia Correia10/08/2021 15h24, atualizada em 11/08/2021 09h57
Pinguins-mortos
Imagem: Educamar
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No último sábado (7), durante um monitoramento realizado entre as praias das cidades de Passo de Torres e Araranguá, em Santa Catarina, a ONG Educamar encontrou 59 pinguins mortos nas areias. De acordo com a bióloga Suelen Santos, presidente e diretora de pesquisa do órgão, a quantidade é bem elevada para um único dia.

“São realizados monitoramentos três vezes por semana. Para um único dia, 59 é um número bem expressivo”, afirmou Suelen, em entrevista ao Olhar Digital. “Já houve, em 2018, um encalhe com número alto de animais em óbito, porém, foi durante toda a temporada de migração, que dura 6 meses”.

O aparecimento de pinguins na costa sul brasileira é bastante comum nesta época do ano. “Alguns encalham já em óbito, em especial os jovens. Pode-se observar que, por serem inexperientes ou em sua primeira temporada de migração, eles se perdem do grupo, vindo a encalhar”, explica a bióloga. “Outros, encalham ainda vivos e, por falta de um centro de estabilização, acabam vindo então a óbito, pois não recebem atendimento médico veterinário”.

De acordo com Suelen, o extremo sul de Santa Catarina é a única região onde não existem centros desse tipo. “Todas as outras partes litorâneas do Brasil têm resgate de fauna”, afirma. 

A bióloga Suelen Santos é presidente e diretora de pesquisa da ONG Educamar. Imagem: Educamar

No encalhe do sábado, a ONG detectou também corpos de pinguins adultos. “Esses, não são causas naturais. Possivelmente, morreram por relações antrópicas – pesca, resíduos, alterações climáticas. Adultos mortos são um forte indicador de causas humanas na morte dos pinguins”, disse Suelen.

Os animais encontrados são da espécie Pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus). Suelen explica que eles migram para a costa brasileira vindo de regiões temperadas, como Chile, Argentina e Ilhas Malvinas, em busca de alimentos e águas mais quentes.

Quando alguém encontrar algum animal marinho encalhado na areia, existem procedimentos adequados a serem tomados. “Não se deve empurrar de volta para a água e não é permitido alimentar o animal. O correto é manter distância e entrar em contato com órgão responsável”, orienta a bióloga.

https://www.instagram.com/p/CSU6vNzFuBg/

Saiba mais sobre a ONG Educamar, que encontrou os pinguins 

Composta por 12 membros, entre biólogos, oceanógrafos, engenheiro ambiental e gestor ambiental, a ONG Educamar atua desde 2012 nas praias de Santa Catarina.

ONG Educamar fazendo o resgate de uma baleia Jubarte macho juvenil de 7,5m, que encalhou no litoral de Santa Catarina no mês passado. Material biológico foi recolhido, e animal foi sepultado. Imagem: Educamar

Diversas ações são desenvolvidas pela instituição, tais como mutirões de limpeza, educação ambiental nas escolas, monitoramento e pesquisa científica. “A ONG Educamar é a instituição licenciada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIo) para realizar monitoramento, pesquisa e resgate de animais marinhos entre os trechos de Araranguá e Passo de Torres”, explica a presidente do órgão. “É um trabalho voluntário e sem recursos governamentais”. 

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Atendimento prejudicado por falta de suporte para deslocamento

De acordo com Suelen, o deslocamento até o centro de estabilização mais próximo, que fica a cerca de 100 km de distância, era realizado pela Polícia Militar Ambiental (PMA).

Recentemente, um acordo firmado entre a PMA e o Instituto do Meio Ambiente (IMA) estabeleceu que o IMA é o responsável pela gestão e pelo gerenciamento do resgate de fauna terrestre. “Isso acabou prejudicando o deslocamento dos animais marinhos que necessitam de atendimento no sul do estado, pois o IMA não tem como fazer a logística de resgate até lá, já que fica ainda mais distante do que nós. Então, estamos enfrentando bastante dificuldade, e muitos animais morrem por falta de atendimento”, lamenta Suelen. “É necessário que se resolva essa situação junto a esses órgãos e também que seja providenciado um local aqui nesta região para que se atenda e se acolha esses animais”.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.