A CRRC Corporation, empresa responsável pela construção ferroviária na China, criou um novo design de trem de levitação magnética (MagLev) que, em tese, pode viajar a velocidades de até 600 quilômetros por hora (km/h), drasticamente reduzindo o tempo de percurso entre grandes distâncias. Isso seria ótimo, considerando os 9.597.000 km de extensão territorial da nação asiática. Vale lembrar: não é a primeira vez que essa velocidade é sugerida, com notícias similares aparecendo aqui mesmo no Olhar Digital em 2019 e janeiro de 2021.

O conceito, se aplicado, deve igualar as velocidades vistas no trem L0, um modelo japonês que deve entrar em operação a partir de 2027, na inauguração da linha que conecta Tóquio e Nagoya. No caso da China, o trem magnético poderia atender à linha Beijing-Xangai, possivelmente a mais essencial do país.

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Imagem uma linha na China, exibindo o trem magnético - ou MagLev - que oferece maior velocidade de transporte e viagens mais curtas
A China vem dando mais e mais espaço para a tecnologia MagLev de trens magnéticos, expandindo linhas para contemplar mais e mais trens de altíssima velocidade. Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

Viagens com trens normais por essa linha levam em torno de cinco horas e meia. Se feita por trens MagLev, esse tempo é reduzido para algo entre duas horas e meia e três horas e meia, quase o mesmo tempo de uma linha aérea (descontando, claro, tempo de espera de aeronaves, triagem alfandegária etc.).

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A tecnologia MagLev tem sido a “menina dos olhos” dos chineses há anos: basicamente, ela não tem trilhos nem disjuntores elétricos, funcionando exclusivamente por meio de suspensão eletromagnética. A única eletricidade vista nesse sistema é a usada para energizar as bobinas da pista, e a interação delas com a “barriga” dos trens. Em suma, esse campo eletromagnético é poderoso o suficiente para fazer o trem levitar.

As vantagens disso são inúmeras: para começar, há uma economia de custo a longo prazo, já que não há trilhos nem rodas em contato direto, então não há desgaste e, consequentemente, menos substituições de peças. Além disso, o barulho da viagem é reduzido pois, de novo, o barulho do atrito entre as rodas metálicas e os trilhos não existe – finalmente, o mais óbvio, a maior velocidade de percurso, que se traduz em menos tempo de viagem.

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O problema: a instalação de uma estrutura magnética do tipo tem um custo imensamente proibitivo. Não há um número exato pois muitos fatores influenciam o custo final, mas um estudo feito nos EUA indica que, na média, a tecnologia MagLev pode custar até 1,5 vez mais do que o tradicional sistema de trilhos. Entretanto, esse mesmo estudo foi acusado de ter um viés propositalmente negativo frente à tecnologia, então vale a cautela com essa fonte.

Os números, porém, batem: hoje, a China conta com o uso do trem magnético que conecta o aeroporto em Xangai com o centro da cidade – uma faixa de 30,5 km de extensão, e que custou cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,27 bilhões) para ser construída, ou US$ 39,3 milhões (R$ 205,35 milhões) por quilômetro. Comparativamente, uma linha ferroviária inteira desse tamanho custaria entre US$ 17 milhões (R$ 88,83 milhões) e US$ 21 milhões (R$ 109,73 milhões) por quilômetro.

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Isso, sem considerar, por exemplo, custos de aquisição de terreno, treinamento de pessoal, operação diária etc.

Apoiadores argumentam, porém, a favor de uma percepção básica: em teoria, um trem que viaja com o dobro de velocidade faz o dobro de viagens e, consequentemente, transporta o dobro de passageiros. Então os custos, ainda que altos, não trariam tanta preocupação desde que a população adotasse o novo modelo.

Na Coreia do Sul, por exemplo, o governo admitiu que o sistema magnético usado em Seul é “significativamente mais barato que uma ferrovia tradicional”.

Ao que tudo indica, a China, que prevê a operação do novo trem magnético para os próximos cinco a 10 anos, não está se importando muito com isso: o país abraçou a tecnologia MagLev e já a está expandindo – neste momento, duas linhas estão em construção avançada (Xangai-Hancheu e Cantão-Shenzhen) e elas são fortes candidatas a receber o novo trem.

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