O incêndio florestal siberiano que ocorre na região de Iacútia fez com que a sua fumaça atingisse o Pólo Norte “pela primeira vez nos registros históricos”, de acordo com comunicado e imagem de satélite divulgados pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.
Segundo o material, o incêndio florestal siberiano já se estende por 4,8 mil quilômetros (km), um tamanho mais do que suficiente para classificá-lo como maior que todos os outros eventos do tipo atualmente queimando no mundo somados.
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A Iacútia – oficialmente, República Russa de Sakha – tem 3,083,523 km² de extensão territorial, constituindo metade dos estados orientais que compõem a federação russa. Dotada de três fusos-horários, a Iacútia lida com frios extremos, mas com o avanço problemático do aquecimento global, a região conhecida por registrar, no passado, um frio de -72,1ºC (Celsius), agora vê o derretimento de gelo e incêndios florestais cada vez mais evidentes.
O problema reside na densidade florestal da região. Conhecido como “taiga” ou “floresta boreal”, o bioma é recheado de árvores de madeira forte o suficiente para resistirem ao frio. Quando elas queimam, tendem a demorar mais para se destruírem por completo, levando o fogo a se alastrar por setores maiores, por mais tempo. Todo verão registra ocorrências de incêndios do tipo, mas em 2021, as coisas estão sendo especialmente ruins.
Em 2020, o índice de incêndio florestal siberiano foi descrito pelo governo russo como “muito ruim”, produzindo o equivalente a 450 milhões de toneladas de dióxido de carbono, um gás que contribui severamente para o avanço do aquecimento global. Neste ano,, porém, a estimativa é de piora, haja vista que já estamos na marca de 505 milhões de toneladas e o verão siberiano ainda não acabou.
Segundo a imagem de satélite registrada pela Nasa, a fumaça era visível a 3,2 mil km de leste a oeste, e 4 mil km de norte a sul. A agência estatal de notícias Xinhua, da China, disse ter visto relatos de que a fumaça havia chegado a Mongólia e sua capital, Ulan Bator.
A principal dificuldade é que a região florestal, além de densa, é perigosa de ser acessada por humanos. Segundo o jornal Siberian Times, desde julho os moradores da região vêm respirando fumaça decorrente dos incêndios, mas apenas metade das florestas podem ser atendidas por bombeiros e pelo exército russo.
Autoridades ambientais, porém, também criticam o governo russo por supostamente deixar o incêndio florestal siberiano continuar de forma descontrolada, graças a uma lei que permite que forças de intervenção não sejam acionadas caso o custo de ação seja maior que o custo de danos causados pelos incêndios. Em outras palavras: se for caro demais consertar, deixe o problema que já é caro continuar.
De acordo com Alexei Yaroshenko, a imprensa russa faz vista grossa aos incêndios da região da Sibéria. Segundo o que o especialista em gestão florestal afirmou ao Washington Post, eles se limitam a “jogar panos quentes”, dizendo que a taiga está sempre queimando e minimizando a situação. “Durante anos, oficiais do governo e influenciadores opinativos vêm dizendo que os fogos são normais e que não há necessidade de ‘criar problema’ com isso. As pessoas meio que se acostumaram”.
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