Montanha russa extrema, com maior loop e aceleração do mundo, é fechada após acidentes quase fatais

A montanha russa Do-Dodonpa, no Japão, faz as pessoas acelerarem mais rápido que astronautas num foguete; esse parece ser o problema
Por Fábio Marton, editado por André Lucena 24/08/2021 17h57, atualizada em 24/08/2021 19h08
Montanha russa extrema Do-dodonpa
Do-Dodonpa, a montanha russa mais extrema (Wikimedia Commons)
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O nome é Do-Dodonpa e não quer dizer realmente nada no japonês nativo. É uma onomatopeia para a trilha sonora, que inclui tambor de guerra japonês (taiko), que toca antes do lançamento. Localizada na humilde cidade de Fujiyoshida, de menos de 50 mil habitantes, é a mais rápida montanha russa do mundo em termos de aceleração, e, segundo os fabricantes afirmam, com o maior looping (ou loop) vertical.

E mandou quatro pessoas para o hospital em menos de um ano. Razão porque acaba de ser fechada.

A montanha russa não tem rampa: é lançada por catapultas de ar comprimido, num sistema semelhante ao usado em porta-aviões. Isso faz com que vá de 0 a 180 km/h em 1,6 segundo. Essa aceleração gera uma força de 3,27 G, sentida nas costas de quem é lançado – maior que a experimentada por astronautas no lançamento de um foguete, de 3 G.

(G é uma unidade de aceleração baseada na gravidade terrestre, de 9,8 m/s². Assim, a montanha russa cria uma aceleração 3,27 vezes mais rápida que cair em queda livre.)

Quanto ao percurso, não tem realmente tanta coisa, como pode ser visto abaixo. Seus 1244 metros tem curvas inclinadas e o loop vertical gigantesco, de 49 metros de altura. O Guinness ainda cita os 48,78 m, do loop da Flash, na China como campeão, mas os fabricantes dizem ser o maior.

(Nota antipática de utilidade pública: “loop” é o nome em inglês para o que acabou chamado de “looping” no Brasil. É um caso parecido com outdoor em inglês não ser “outdoor”, mas “billboard”. Looping é um verbo; é como chamar um scanner de scanning.)

O mega loop da Do-Dodonpa / Wikimedia Commons

Fraturas na coluna

Como pode ser visto no vídeo no começo da matéria, a graça está quase toda na aceleração. E esse parece ser o problema.

Nos quatro acidentes, as pessoas tiveram fraturas – graves, potencialmente fatais, incluindo uma na coluna torácica e cervical (pescoço). No primeiro caso, o paciente teve que ser hospitalizado por três meses.

Em um desses casos, o parque descreveu ao jornal Mainichi Shinbun que a passageira estava inclinada para frente. A recomendação do parque é encostar reto no banco, ou a aceleração extrema joga o passageiro violentamente para trás.

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“A relação casual entre os ferimentos dos passageiros e a máquina de diversões produzida pela companhia de nosso grupo não está confirmada e precisamos esperar pela investigação”, afirmou a fabricante da montanha russa, Sansei Technologies, num comunicado oficial, negando a ligação entre o design e o problema. “Gostaríamos de oferecer nossas sinceras condolências e pedir perdão pela inconveniência que causamos às partes afetadas.”

A montanha russa foi fechada antes do último fim de semana por ordem do Governo Prefeitural de Yamanashi – no Japão, prefeituras significam um conjunto de cidades, como uma região metropolitana. Ficam pendentes investigações e reformas, que talvez forcem a montanha russa a ficar menos extrema, sem isso de hiperaceleração.

Via Mainichi Shinbun

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Redator(a)

Fábio Marton é redator(a) no Olhar Digital

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.