Nasa vai enviar dois satélites de observação atmosférica para Marte em 2024

Satélites Blue e Gold vão observar a interação entre a atmosfera do planeta vermelho e os ventos solares, recriando seu histórico climático
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 24/08/2021 16h41, atualizada em 25/08/2021 10h50
Atmosfera de Marte, em ilustração
Imagem: Inked Pixels/Shutterstock
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A agência espacial americana, Nasa autorizou o envio de dois satélites de observação da atmosfera de Marte, com lançamento previsto para 2024. “Blue” e “Gold”, como os objetos foram chamados, foram desenvolvidos pela Universidade da Califórnia-Berkeley, que chefia a missão intitulada “ESCAPADE” (sigla em inglês para “Exploradores da Dinâmica e Aceleração de Plasma e Escape”).

O objetivo primário dos dois satélites é observar a atmosfera marciana e sua interação com os ventos solares. A coleta de dados provenientes dessa observação, espera-se, permitirá à universidade estabelecer um histórico climático e determinar em que momento o planeta vermelho perdeu a maior parte de sua atmosfera.

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Os satélites Blue e Gold querem determinar quando ocorreu a deterioração atmosférica de Marte, por meio de observação de suas interações com os ventos solares. Imagem: UC-Berkeley/Divulgação

“A ESCAPADE e duas outras missões que a Nasa aprovou recentemente são experimentos para analisar se os avanços da indústria espacial na última década se traduzem a um melhor custo-benefício em termos de ‘ciência por dólar’”, disse Robert Lillis, líder da missão no Laboratório de Ciências Espaciais de Berkeley. “Enviar duas espaçonaves para Marte pelo custo total de US$ 80 milhões [R$ 420,17 milhões] é algo inédito, mas a atual liderança da Nasa aceitou o risco”.

O valor acima corresponde ao design, construção, testes, integração e lançamento dos dois satélites. A universidade firmou uma parceria com a empresa Rocket Lab, que fornecerá dois barramentos Photon de proteção e armazenamento para a instituição assegurar a segurança de suas criações.

“Essas missões”, continuou Lillis, “representam um paradigma de alto risco por alta recompensa, comercialmente falando, para fazer as coisas. Ao invés de gastar US$ 800 milhões com 95% de chance de sucesso, é possível gastar US$ 80 milhões com 80% dessa chance? É isso que a Nasa quer descobrir”.

Sobre a missão em si, Lillis está otimista: “Com a observação simultânea em dois pontos, para o vento solar e a ionosfera e magnetosfera de Marte, a missão ESCAPADE nos fornecerá a primeira imagem ‘estéreo’ desse ambiente de plasma altamente dinâmico. Essa constelação de dois satélites de observação em Marte responderá a perguntas sobre a atmosfera e os ventos solares em tempo real”.

A Nasa chegou a avaliar a possibilidade de uma “carona” dos satélites em outra missão — a Psyche, que deveria partir em 2022. Entretanto, mudanças nas condições de lançamento forçaram a agência espacial americana a lançar a missão ESCAPADE a bordo de um foguete pertinente a uma missão ainda não escolhida — por essa razão, a previsão de lançamento para 2024 é o objetivo, mas ainda carece de confirmação definitiva.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital