Tempestades de areia menores também contribuíram para a seca de Marte

As tempestades gigantes foram majoritariamente responsáveis, mas não explicavam totalmente a aridez e aspecto desértico do planeta
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 24/08/2021 10h34, atualizada em 14/05/2025 12h48
atmosfera-de-Marte
Imagem: Whitelion61 - Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Um novo estudo revela que as tempestades de areia de pequeno porte foram tão responsáveis por “secar” Marte quanto suas irmãs maiores e mais devastadoras. As conclusões foram tiradas após análise de dados de três diferentes orbitadores posicionados nas imediações do planeta vermelho.

Marte já foi um planeta de visual exuberante — com grandes lagos e tudo mais —, mas o que vemos hoje é um aspecto árido e desértico. As grandes tempestades de areia que permeiam o planeta são grandes responsáveis por essa inversão, mas, sozinhas, não explicam totalmente essa ocorrência ao longo de milhões de anos.

Leia também

Imagem mostra a paisagem desértica de Marte. Tempestade menores de areia contribuíram para "secar" o planeta vermelho, que já foi casa de imensos lagos há milhões de anos
A paisagem desértica e árida de Marte, hoje, é totalmente inversa à sua aparência milhões de anos atrás, cheia de imensos lagos e muita água. Imagem: ESA/Divulgação

“O nosso paper nos ajuda a, virtualmente, voltar no tempo e dizer ‘Ok, agora temos um novo mecanismo para a perda de água e isso vai nos ajudar a relacionar a pouca quantidade dela que temos em Marte hoje, com o imenso volume que tínhamos no passado”, disse Geronimo Villanueva, cientista planetário do Centro de Voo Espacial Goddard, da Nasa.

Basicamente, o estudo explica que as tempestades de areia menores aqueciam o vapor de água na atmosfera de Marte, desacelerando a sua conversão do estado gasoso para o líquido. Além disso, elas também prendiam esse vapor em pontos mais altos da atmosfera, onde a radiação ultravioleta tinha mais eficácia em remover átomos de hidrogênio das moléculas de água (basicamente, tirar o “H” de “H2O”).

Segundo os cientistas, entre janeiro e fevereiro de 2019, uma tempestade específica serviu de foco para o estudo. Antes de ela começar, os especialistas identificaram vapor d’água próximo à superfície de Marte — normalmente, ele congela em baixa altitude. Conforme a tempestade começou e foi ficando mais intensa, as temperaturas foram aumentando, consequentemente levando esse vapor mais e mais para cima. Conforme esse vapor ficava mais exposto aos raios ultravioleta do Sol, um processo de “inchaço” do hidrogênio começou — esse geralmente é o sinal de que as moléculas de água estão “se quebrando”.

Como essas medidas não poderiam ser avaliadas por nenhuma espaçonave única, os cientistas usaram informações obtidas por três satélites: o ExoMars Trace Gas (da ESA, a agência espacial europeia), o Orbitador de Reconhecimento de Marte (MRO, da Nasa) e o Orbitador de Evolução da Volatilidade e Atmosfera de Marte (MAVEN, também da Nasa). Respectivamente, eles avaliam concentrações de vapor de água e gelo próximas à superfície, volume de partículas e temperatura e, finalmente, monitoramento de hidrogênio na parte superior da atmosfera.

Segundo os cientistas, é a primeira vez que os três equipamentos trabalham em conjunto para essa descoberta: “Nós realmente conseguimos capturar todo o sistema em ação”, disse Mike Chaffin, cientista planetário da Universidade do Colorado, em Boulder.

O novo paper foi publicado na revista Nature.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital