Uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) descobriu que os preços de automóveis novos e usados subiram quase duas vezes mais que a inflação no Brasil. O índice, que acompanhou a evolução dos valores dos carros no mercado entre fevereiro de 2020 até julho de 2021, concluiu que o valor acumulado subiu em 10,12% — três pontos percentuais a mais do que a estimativa atual da inflação, de 7,27%.
A pesquisa da Fipe avaliou que carros novos tiveram aumento nos seus preços a partir de junho do ano passado, ultrapassando 2% ao mês em setembro de 2020, bem como março e junho de 2021. O crescimento total durante a pesquisa foi de 19,87% — quase três vezes o valor atual da taxa Selic. Já as motocicletas novas chegaram perto do triplo da inflação, com total de 22,28%.
Os números da inflação, revelados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), já estão dois pontos percentuais acima do esperado para o ano, que era de 5,25%. Na prática, isso encarece o consumo e levam as pessoas a gastar menos, portanto circulam menos dinheiro.
No caso dos carros, no entanto, a questão é multi-fatorial. Para além dos impostos, o aumento se dá por dos impactos da Covid-19 não apenas no consumo, mas no mercado. A crise sanitária afetou diretamente a manufatura de semicondutores nos fornecedores das grandes montadoras, fechando fábricas e aumentando custos de produção dos veículos.
Usados receberam maiores aumentos e impactam trabalho

No entanto, o impacto é mais perceptível no preço dos automóveis de segundo dono. Segundo a Fipe, o valor dos automóveis usados começaram a aumentar sequencialmente a partir de maio de 2020, passando a atingir números maiores de 1% ao mês em outubro. O encarecimento prosseguiu em crescente até março deste ano, quando passou a variar entre 2% a 3%. No período corrente da análise, os carros subiram num valor equivalente a 24,4% — mais de três vezes do que previsão do IPCA para a inflação.
Para motos usadas, a situação é ainda pior. Valores totais de crescimento atingiram 28,21% — quase quatro vezes mais que a taxa Selic. O aumento acontece desde o início da análise, passando dos 1% ainda em dezembro do ano passado, com os saltos mais expressivos durante maio (2,70%) e julho (5,00%) de 2021.
No Brasil, a alta nestes veículos impacta diretamente os profissionais de delivery e corridas por aplicativo. A baixa no reajuste de repasses para motoristas do Uber, por exemplo, bem como o aumento do preço da gasolina, começam a tornar os custos mais altos para estes profissionais, cuja renda não consegue acompanhar as variações do mercado.
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