Pesquisadores do Pará descobriram que uma das substâncias presentes no talo do camapu (Physalis pubescens) tem a potencialidade de estimular a produção de novos neurônios no hipocampo, área do nosso cérebro ligada à memória. Outra fruta da mesma família do camapu, o juá-de-capote ((Physalis angulata) também apresenta o mesmo elemento em sua composição. Agora, cientistas querem aproveitar essa substância para desenvolver medicamentos para doenças degenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson.

Propriedades de regeneração neuronal do camapu foram descobertas casualmente. Imagem: Yudiana Riksa – Shutterstock

De acordo com o site GreenMe, o camapu já era conhecido como uma planta medicinal para tratar doenças neurodegenerativas, além de diminuir o colesterol e fortalecer a imunidade. Com a nova descoberta, pacientes vítimas de doenças que afetam a memória podem ter mais uma esperança de tratamento.

“A notícia é muito boa, principalmente pelo fato de essa substância estimular o crescimento neuronal na área do hipocampo. A gente está falando da criação de novos neurônios, algo que algum tempo atrás não se falava”, diz Milton Nascimento dos Santos, do Grupo de Pesquisas Bioprospecção de Moléculas Ativas da Flora Amazônica da Universidade Federal do Pará.

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Segundo Santos, por enquanto, a pesquisa se limita a animais, mas já se encontra em estudo uma forma de viabilizar a produção de um medicamento fitoterápico que possa ser aplicado em humanos.

Além do potencial contra Alzheimer e Parkinson, a substância pode ser benéfica para pacientes com depressão

Um medicamento à base da substância encontrada nessas plantas também pode ser usado para tratar pacientes com depressão grave, em quadros em que há perda neuronal, acreditam os pesquisadores.

Após o sucesso dos primeiros testes realizados em ratos, iniciam-se os ensaios clínicos e de produção em larga escala.

Outro desafio dos cientistas é encontrar uma forma de melhorar a produção do camapu. Embora a planta seja de fácil reprodução, com ciclo bianual, a substância benéfica do talo é altamente complexa e de difícil sintetização.

“A substância pode ser uma maravilha, mas se só é produzida pela planta uma vez por ano, a produção de fitoterápicos ficaria inviável”, diz Santos.

O camapu tem outras propriedades medicinais reconhecidas – é antiinflamatório e antiprotozoário – estudos apontam até que seu uso pode ajudar a tratar aqueles que sofrem da Doença de Chagas.

A descoberta da substância que faz com que os neurônios se regenerem foi uma casualidade da pesquisa, que apontava seus estudos para esses outros aspectos curativos da planta.

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