“Dragão Azul”, molusco venenoso do alto mar, é visto em praia de São Paulo

Animal é um tipo predatório de “lesma aquática”, mas se locomove flutuando pela água e não tem contato direto com o solo
Rafael Arbulu10/09/2021 12h52
Um dragão azul do mar, tipo de molusco marinho
Imagem: Sahara Frost/Shutterstock
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Um “Dragão Azul”, apelido atribuído a uma lesma da família Glaucus atlanticus, foi registrado por uma banhista na praia de Bertioga, em Santos, litoral sul de São Paulo. O animal, que estava encalhado na praia, viralizou nas redes sociais nesta semana.

O dragão azul é o que se convém chamar de “lesma do mar”. Segundo o professor e doutor docente em Zoologia da USP, Luiz Ricardo Simone, ele se locomove “flutuando pelas águas”, sem contato direto com o solo. O especialista, que falou ao G1, conta que essa espécie não desenvolveu funções motoras como rastejar, tal qual outras lesmas.

Por essa razão, ele é dependente dos movimentos do mar: “quando encalha, se a maré não alcançá-lo para levá-lo de volta, ele acaba morrendo ali”, disse Simone.

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O dragão azul, por si só, não é venenoso. Entretanto, não é recomendado manipulá-lo sem proteção, haja vista que ele armazena o dispositivo venenoso de sua refeição favorita – as caravelas portuguesas -, acumulando em seu corpo as substâncias urticantes de suas presas e despejando-as pelo contato a uma potência ainda mais elevada.

Vale lembrar: caravelas portuguesas, embora não sejam águas vivas, têm um visual parecido com elas, embora o tamanho seja muito diferente. Esse tipo de cnidário pode apresentar tentáculos de até 50 metros (m), com células urticantes que podem causar queimaduras de até terceiro grau. E o dragão azul, diminuto como é (um indivíduo adulto varia entre 3 e 5 centímetros), se alimenta delas.

“Caso as pessoas o encontrem, o ideal é que não toquem no animal, com o objetivo de evitar qualquer acidente. É um animal que merece ser admirado”, disse ao G1 a mestranda pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) em Sistemática, Taxonomia Animal e Biodiversidade, Gemany Caetano.

O registro na praia de Bertioga ocorreu em um momento em que o mar estava em ressaca, um termo atribuído a um movimento mais agitado das águas, fazendo com que elas se choquem com mais força nas estruturas do litoral. Segundo a arquiteta Dalma Mesquita Ferreira, que registrou o animal, ela vinha caminhando pela praia, recolhendo lixo, quando avistou o animal pelas suas cores vibrantes. Antes de devolvê-lo ao mar, ela enviou a foto ao seu filho, Rafael, que postou a imagem em sua conta no Instagram.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.