Os celacantos gigantes, uma espécie de peixe considerada extinta pela biologia marinha, ainda tem indivíduos nadando nas profundezas do oceano. A espécie, que tem algumas centenas de milhões de anos, vive em um habitat profundo e bastante complexo para se estudar. Porém, uma nova pesquisa pode mostrar que eles vivem por muito mais tempo do que os especialistas em vida marinha acreditavam até agora.

Até agora, se pensava que esses peixes viviam por cerca de 20 anos, porém, esse novo estudo mostra que cada indivíduo pode chegar facilmente a um século de vida. Caso isso se confirme, tornará os celacantos africanos um dos peixes com crescimento mais lento dos oceanos, junto com os tubarões de águas profundas.

Difícil de estudar

Como um animal marinho que vive nas profundezas do oceano, os celacantos têm algumas características que são comuns em animais que vivem nesse tipo de habitat, como um metabolismo lento e baixa fecundidade. Além disso, eles demoram para envelhecer e também para se reproduzir, que é algo já conhecido sobre essas criaturas, que vivem em um dos locais mais silenciosos do fundo dos oceanos.

“Nossa nova estimativa de idade nos permitiu reavaliar o crescimento corporal do celacanto, que por acaso é um dos mais lentos entre os peixes marinhos de tamanho semelhante”, declarou o biólogo marinho do Instituto Ifremer, da França, Kélig Mahé, ao Science Alert.

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Estruturas calcificadas nas escamas pode ajudar a medir a idade dos celacantos. Crédito: Laurent Ballesta/Science Alert

Ele e sua equipe estudaram o maior grupo de celacantos já coletado, com 27 indivíduos de idade variada, sendo um deles com idade estimada em 84 anos. Segundo eles, esses peixes atingem a maturidade por volta dos 55 anos e cada gestação dura em torno de cinco anos.

Os pesquisadores também encontraram estruturas calcificadas bem pequenas, conhecidas como circuli, nas escamas dos celacantos. Essas estruturas podem ser usadas para medir o envelhecimento desses peixes, algo semelhante à forma que usamos os anéis no tronco de uma árvore para saber a sua idade. Essa foi a primeira vez que essas marcações foram localizadas nessa espécie e, segundo os especialistas, realmente correspondem à idade de crescimento dos peixes.

Nem tão solitário

“Demonstramos que essas circulações eram, na verdade, marcas de crescimento anual, ao contrário das macrocirculações observadas anteriormente”, disse Mahé . “Isso significava que a longevidade máxima do celacanto era cinco vezes maior do que se pensava anteriormente, portanto, cerca de um século”, completou o biólogo.

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Capaz de atingir até dois metros de comprimento, o celacanto pode ser considerado um “fóssil vivo”, já que espécies com relações próximas a ele já foram extintas. Porém, pesquisas recentes mostram que esse peixe pode estar menos sozinho do que se imagina em sua árvore evolutiva. Um estudo do início deste ano revelou que esse peixe tem emprestado genes de outras espécies subaquáticas ao longo dos anos, em um processo conhecido como transferência horizontal de genes.

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