Uma pesquisa de três anos da Universidade da Califórnia mostra que os esquilos usam de suas personalidades para definir suas ações, desde a escolha e manutenção dos seus habitats até se eles devem ou não se afastar deles, interagir com outros esquilos ou se movimentar de forma mais ou menos agitada.

As conclusões foram publicadas no jornal Animal Behavior e foram obtidas por meio de uma série de testes tanto em ambiente aberto como em cativeiro. A universidade chegou a publicar um vídeo em seu canal oficial do YouTube, oferecendo mais detalhes:

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Basicamente, foram feitos quatro testes: o primeiro envolvia a captura de esquilos selvagens, que foram posicionados dentro de caixas com buracos e linhas cortadas. A ideia foi a de avaliar a resposta dos animais a movimentos percebidos fora da caixa, bem como a tendência deles de inspecionar os buracos e linhas, avaliando a sua predisposição à curiosidade e movimentação.

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O segundo teste envolveu a mesma caixa, mas agora com um espelho dentro, a fim de analisar a tendência dos esquilos em relação a agressividade e sociabilidade. Esquilos não são capazes de se reconhecerem em seus reflexos então, na mente dos animais, o espelho era “outro esquilo”.

O terceiro teste foi em campo aberto, com pesquisadores silenciosamente se aproximando de animais selvagens a fim de ver quanto tempo eles levariam para fugir. A ideia era estabelecer o grau de timidez do esquilo e quanto esforço ele vai despender para se esconder.

Finalmente, o último teste capturava os esquilos em uma armadilha com zero dano físico aos indivíduos. O objetivo aqui era avaliar a tendência do animal em se manter calmo.

“A personalidade é uma palavra subjetiva com a qual muitos podem se relacionar mas, em nosso campo, você não pode atribuir um comportamento a um tipo de personalidade sem antes defini-lo e mostrar, estatisticamente, que os indivíduos analisados exibem o mesmo comportamento várias e várias vezes”, disse Jaclyn Aliperti, da Universidade da Califórnia-Davis. “Estabelecer uma personalidade na gestão da vida selvagem pode ser especialmente importante quando tentamos prever as respostas de animais a novas condições, como a destruição de habitats por causa das atividades humanas”.

No estudo, esquilos que pontuaram mais alto para tratos como “ousadia” apresentavam uma região doméstica – ou seja, o que eles entendiam por “casa” – mais ampla que animais mais tímidos. Entretanto, isso não necessariamente significa que eles tinham habitats maiores.

“A predação é um ponto significativo de mortalidade para esquilos, e indivíduos mais ousados são, por definição, mais propensos a se arriscarem”, diz trecho do estudo. “Por isso, é possível que animais mais tímidos mantenham seus movimentos em áreas mais conhecidas e seguras, ao passo que animais ousados tendem a se aventurar em áreas arriscadas, expandindo suas regiões domésticas para locais que os menos agitados tendem a evitar”.

O mais surpreendente, porém, foi o grau elevado de sociabilidade exibido em animais normalmente considerados anti sociais. Algumas espécies de esquilos tendem a ser solitárias, mas mesmo elas apresentaram boas interações com outros animais dos seus tipos, inclusive compartilhando vantagens:

“Talvez os esquilos mais sociáveis tenham mais propensão a procurar por indivíduos de sua espécie, aumentando a probabilidade com a qual eles compartilhem regiões domésticas e, consequentemente, recursos, como ninhos em locais altos”, diz o estudo.

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