Dois peixes, um morcego, uma planta, oito tipos de mexilhão e 11 aves são as 23 espécies declaradas extintas pelo governo dos Estados Unidos. Segundo entrevista concedida por órgão ambiental competente ao jornal New York Times, as perdas foram chamadas de “permanentes” e a culpa disso foi atribuída majoritariamente às ações do homem contra o meio-ambiente.

As espécies acima já estavam relacionadas na lista prevista no Ato de Espécies Ameaçadas (“ESA”, na sigla em inglês), mas foram removidas – e catalogadas como extintas – pelo Escritório dos EUA para Peixes e Vida Selvagem (FWS), ligado ao governo federal estadunidense.

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Imagem mostra um pica-pau-de-bico-de-marfim em taxidermia feita pelo Museu de História Natural da Flórida. Animal é uma das 23 espécies declaradas extintas pelo governo dos EUA
O pica-pau-bico-de-marfim, uma das 23 espécies declaradas extintas em novo relatório ambiental do governo dos EUA (Imagem: Museu de História Natural da Flórida/Divulgação)

“Cada uma dessas 23 espécies representa uma perda permanente à herança da nossa nação e à biodiversidade global”, disse Bridget Fahey, que supervisiona o FWS. “Isso também é um triste lembrete de que a extinção é a consequência das mudanças ambientais causadas pelo ser humano”.

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Especialistas, porém, afirmam que a lei que protege espécies ameaçadas pode não ter sido sancionada em tempo necessário para proteger os recém declarados extintos. O ato foi aprovado em 1973, durante o mandato do ex-presidente Richard Nixon, mas durante a sua inauguração, todos os animais e plantas citados acima já estavam sob risco extremo.

“[A lei] não foi sancionada em tempo de protegê-las”, disse Noah Greenwald, diretor de espécies ameaçadas da ONG Centro de Diversidade Biológica. “É mesmo uma tragédia”.

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Desde a aprovação da legislação, os números oficiais mostram um combate bem complicado: 54 espécies foram removidas da lista por melhoria de condições de vida – destas, 48 mudaram do status de “sob perigo” para “ameaçadas”. Fora as 23 de hoje, porém, outras 11 espécies já foram declaradas extintas.

“A biodiversidade é a fundação para os sistemas econômicos e sociais, mas nós ainda não conseguimos resolver a crise da extinção em massa”, disse ao NYT a diretora do Centro de Resultados da Biodiversidade na Universidade do Arizona, Leah Gerber.

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Vale lembrar que a extinção de uma espécie – a declaração dela por órgãos oficiais, pelo menos – não é algo despejado à toa: segundo o jornal, esse processo leva décadas de busca por exemplares dos animais sem resultados positivos. Nisso, cerca de metade das espécies desse grupo já vinham sendo consideradas extintas pela União Internacional pela Conservação da Natureza, a maior autoridade independente de proteção ao meio ambiente.

Mais além, o processo analítico das situações de cada espécie é bastante lento, muito em parte pelo fato de as organizações – governamentais ou não – priorizarem políticas de proteção às espécies ainda vivas, porém ameaçadas; do que aquelas que já saíram da lista pela ausência de buscas positivas.

A perda mais sentida da nova leva de espécies é o pica-pau-bico-de-marfim (Campephilus principalis), o maior pássaro do tipo nos EUA e que inspirou a criação de “Woody Woodpecker”, o famoso desenho chamado no Brasil de “Pica-Pau”, em 1940. A última vez que o animal foi visto em ambiente natural foi em 1944 – embora uma expedição tenha dado a sorte de encontrar um exemplar no acaso, quando o animal voou à frente dos ornitólogos Tim Gallagher e Bobby Harrison em 2004. O problema: eles ficaram tão surpresos que, ao gritarem “bico-de-marfim”, acabaram assustando o pássaro, que fugiu.

Depois de 17 anos do episódio, Amy Trahan, bióloga que trabalha no FWS. finalizou o relatório recente das 23 espécies, com a recomendação: “remover da lista devido a extinção da espécie”.

“Foi uma das coisas mais difíceis que fiz na minha carreira”, ela disse ao New York Times. “Eu literalmente chorei”.

Apesar do resultado negativo recente, um comunicado publicado no site do FWS ressalta que a legislação vigente foi eficaz em garantir a sobrevivência de 99% dos animais listados como ameaçados ou sob risco extremo de extinção.

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