A agência espacial americana Nasa estima que as primeiras colônias nas luas de Júpiter e Saturno, bem como a nossa instalação em Marte e no cinturão de asteroides, devem – todas – chegar até 2100, no fim do século XXI. Segundo a agência, a ideia é expandir a capacidade de colonização da humanidade a fim de escaparmos do que ela chama de “Era de Perigo” – um dos muitos conceitos de fim da vida humana.

A estimativa vem de um paper em estado de pré-publicação, assinado pela própria Nasa. Para ela, estabelecer colônias fora da Terra pode ser o caminho mais rápido para esse objetivo – e as luas de Júpiter e Saturno serão candidatas fortes para isso.

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Imagem mostra Ganimedes, a maior lua de Júpiter. Nasa estima que colônias nas luas de Júpiter possam ser estabelecidas até 2100
Ganimedes, a maior lua de Júpiter, pode ser uma candidata viável, segundo a Nasa, para o estabelecimento de colônias fora da Terra no futuro (Imagem: Nasa/Divulgação)

Pelo resumo do paper: “com o início do desenvolvimento e entrega das primeiras armas nucleares ao fim da Segunda Guerra Mundial [1939-1945], a humanidade entrou em uma ‘Era de Perigo’, a qual não vai terminar até que robustas colônias fora da Terra se tornem uma realidade. Nossas descobertas sugerem que as primeiras missões tripuladas a aterrissarem em Marte, seletos objetos do cinturão de asteroides e luas específicas de Júpiter e Saturno podem ocorrer até o final do século XXI”.

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O documento ainda vai mais longe, afirmando que, no início do século XXIII, devemos chegar à borda do nosso sistema solar e, 100 anos depois, no século XXIV, a humanidade já será capaz de fazer viagens interestelares para outros sistemas.

A ousadia nas previsões da Nasa vêm de um receio de que a humanidade tenha seu fim decretado pela própria humanidade: problemas como o aquecimento global, o avanço industrial desenfreado, pandemias pulverizadas ao longo de nossa história e conflitos bélicos incessantes já são uma realidade, e todos esses fatores podem impactar nossos avanços.

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O paper cita um conceito chamado de “Grande Filtro” (ou “Paradoxo de Fermi”, postulado pelo físico ítalo-americano Enrico Fermi, vencedor do Nobel em 1938), que cientistas do passado usaram para referir-se à auto aniquilação de uma sociedade inteligente pelas suas próprias mãos. Basicamente, nossa busca constante pela evolução fará com que nós venhamos a criar a ferramenta que pode levar à nossa destruição.

“Por isso”, argumenta o estudo, “um programa agressivo e sustentado de exploração espacial – o que inclui a colonização – é visto como algo crítico à sobrevivência a longo prazo da raça humana”.

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Em outras palavras: para a Nasa, a provável saída para a nossa sobrevivência reside em sair da Terra o quanto antes – e colônias nas luas de outros planetas são um meio para essa finalidade em um prazo mais próximo.

Mas como a Nasa chegou à tal conclusão? A metodologia do estudo preferiu ignorar a ideia de levar todo o nosso conhecimento para o espaço – algo que certamente exigiria recursos, dinheiro e o tempo que, possivelmente, nós nem tenhamos mais -, preferindo se concentrar em apenas um pilar: o poder de processamento computacional necessário para que nós possamos não só viajar pelo espaço (isso, nós já fazemos a certo grau), mas também nos estabelecer fora da nossa atual casa.

Em termos bem curtos: quanto mais processamento tivermos, melhores serão nossas ferramentas de exploração espacial.

Pelas estimativas, a Nasa crê que os primeiros humanos pousariam em Marte até 2038, e no cinturão de asteroides entre ele e Júpiter até 2064. A partir daí, nós poderemos chegar a Proxima centauri – o sistema estelar mais próximo de nós e onde estão as estrelas Alfa centauri e Beta centauri – até 2254.

“Ao criar pelo menos uma – e preferivelmente, várias – colônia auto sustentável e geneticamente viável fora da Terra, a humanidade pode melhor assegurar a sua sobrevivência a longo prazo, para calamidades naturais ou causadas por ela própria, que venham a ameaçar a vida na Terra”, diz outro trecho do texto.

“A colonização fora da Terra, assim como a aniquilação pelo ‘Grande Filtro’, está ao alcance da humanidade — aquele que escolhermos para o nosso futuro consistirá na resposta da Terra para o Paradoxo de Fermi”, conclui o paper.

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