As agências espaciais japonesa (JAXA) e europeia (ESA) confirmaram a passagem da sonda BepiColombo por Mercúrio, um feito que devolveu aos operadores na Terra informações interessantes sobre o primeiro planeta do nosso sistema solar.

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A passagem foi a primeira de um total de seis que a sonda fará pelo planeta, até se ajustar definitivamente à sua órbita no ano de 2025. A ideia é coletar todo tipo de informação sobre Mercúrio, desde sua atmosfera até informações da sua superfície e composição química, para que tenhamos uma biblioteca robusta de dados sobre o segundo planeta mais quente de nosso sistema.

“Essa pode ter sido uma simples ‘passagem’, mas para alguns dos instrumentos da BepiColombo, ela marca o início da coleta de dados científicos e uma chance de começar a preparar a missão principal”, disse Johannes Benkhoff, cientista do projeto BepiColombo na ESA. “Essas passagens também trazem a chance de visualizar amostras de regiões de Mercúrio que ficarão inacessíveis quando entrarmos em sua órbita”.

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As primeiras informações referem-se à exosfera de Mercúrio – a região mais baixa da atmosfera. Durante a passagem, a BepiColombo observou a área por cerca de uma hora, identificando concentrações densas de hidrogênio e cálcio – algo que já era esperado -, mas também fluxos brilhantes de raios gama e nêutrons, provavelmente vindos da interação de raios cósmicos com as camadas mais altas.

Outro ponto interessante foi a captura de informações sobre o campo magnético de Mercúrio em seu hemisfério sul – até essa volta, apenas o lado Norte havia sido analisado, o que torna essa passagem mais interessante: “É a primeira vez que dados do hemisfério sul próximo à superfície ficam disponíveis – ainda que a amostra seja bem pequena”, disse Daniel Heyner, do TU Braunschweig na Alemanha, o grupo responsável pela pesquisa de informações obtidas pelo magnetômetro da BepiColombo.

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A informação tem importância, uma vez que, devido à sua proximidade do Sol, especula-se que Mercúrio seja constantemente atacado por ejeções de massas coronais vindas da nossa estrela. Entretanto, tal qual acontece na Terra, o campo magnético do planeta o protege desses fenômenos. Entendê-lo por completo, porém, exigia conhecimento mais analítico de todo com o campo – e não apenas o lado norte, como se tinha anteriormente. Quando a sonda entrar em órbita – em meados de 2025 -, a expectativa é a de que essas informações nos permitam compreender melhor a origem, evolução e atual estado do seu interior.

Os cientistas por trás da sonda converteram a intensidade do campo magnético em um clipe de áudio que pode ser compreendido pelo ouvido humano. Note, no vídeo abaixo, as mudanças de intensidade do campo e dos ventos solares no momento em que a BepiColombo cruza a área de maior turbulência na interação entre os dois fenômenos.

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Finalmente, um outro componente da BepiColombo, o ISA (“Italian Spring Accelerometer”) registrou em vídeo dois detalhes interessantes: o primeiro é a capacidade de aceleração da sonda quando a força gravitacional de Mercúrio começa a exercer influência sobre ela, e o segundo é a mudança de temperatura experimentada pela nave quando ela entrou e saiu da região sombria do planeta.

O instrumento será de vital necessidade quando a BepiColombo entrar na órbita de Mercúrio: o ISA será capaz de analisar a estrutura interna do planeta, bem como testar a viabilidade da Teoria da Relatividade postulada por Albert Einstein em 1915 com extrema precisão.

A missão BepiColombo foi originalmente lançada em outubro de 2018, a bordo de um foguete Ariane 5 do consórcio europeu Arianespace. A previsão é que a sonda entre em órbita de Mercúrio em 5 de dezembro de 2025. Antes disso, porém, seu percurso conta com uma passagem pela Terra, duas passagens por Vênus e seis passagens pelo primeiro planeta do sistema solar.

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