As recentes evidências científicas mostram que a poluição atmosférica causa mais impacto no organismo do que se imaginava. Um estudo feito por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, nos EUA, foi capaz de conectar os pontos sobre como respirar ar poluído impacta a fertilidade.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 99% da população mundial respira ar com altos níveis de poluentes. Isso porque a cada ano, mais de 8 milhões de pessoas morrem como consequência da inalação do ar poluído, que agrava problemas respiratórios e pode levar ao desenvolvimento de câncer de pulmão.

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Além dos danos respiratórios e cardiovasculares, pode haver prejuízo cerebral, cognitivo e aumento do risco de obesidade, diabetes e infertilidade. Mas até agora a forma como o ar poluído pode levar causar era desconhecida.

Publicado na revista Environmental Health Perspectives, o estudo revela que a inflamação causada pela poluição do ar em um tipo específico de neurônio associado ao sono e obesidade é responsável pela redução da contagem de espermatozoides.

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Para validar, a equipe testou em ratos saudáveis e ratos geneticamente modificados para não ter neurônios com um marcador de inflamação no cérebro, chamado Inibidor Kappa B Kinase 2 ou IKK2. Os dois grupos foram expostos ao ar filtrado ou à poluição do ar e, depois, analisaram as contagens de esperma.

Os resultados mostraram que os animais criados sem o marcador IKK2 não tiveram reduções no número de espermatozoides quando expostos ao ar poluído, ao contrário dos camundongos saudáveis. 

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O próximo passo foi remover o IKK2 de neurônios específicos para ver como a poluição do ar estava afetando os espermatozoides. Sendo assim, descobriram que um tipo específico de neurônio foi responsável e que normalmente são encontrados no hipotálamo, uma parte do cérebro que controla a fome, a sede e o desejo sexual.

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“Já tinham estudos, feitos inclusive no Brasil, que mostraram que a poluição afeta o sêmen de animais. O que esse estudo mostra é que a poluição parece ter um efeito direto no cérebro, levando a um processo inflamatório que repercute na produção de espermatozoides”, disse o especialista em reprodução humana Matheus Roque, da clínica Mater Prime, em São Paulo.  

Portanto, já se sabe que condições estressantes afetam a fertilidade. Os autores informaram que as descobertas mostram que o dano da poluição do ar na contagem de esperma poderia ser remediado removendo um único marcador de inflamação no cérebro de camundongos.

Isso abre a possibilidade para o desenvolvimento de terapias que podem ajudar a prevenir ou reverter os efeitos prejudiciais da poluição do ar na fertilidade masculina.

Fonte: O Globo

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