Karina Rondini sofre de NF1, ou neurofibrose tipo 1, uma doença genética rara que causa o surgimento de dezenas de tumores na parte inferior do corpo. Em entrevista ao UOL, a mulher de 31 anos revelou que sempre sofreu com olhares preconceituosos por conta da sua aparência. Além disso, por conterem muitos vasos sanguíneos, operações para retirada dos tumores eram sempre arriscadas, pois tinham altas chances de hemorragia.

No entanto, uma operação inédita no Brasil conseguiu remover mais de 30 quilos de tumores do corpo da curitibana. Isso só foi possível com o médico americano McKay McKinnon. O cirurgião plástico chegou a remover mais de 90 kg de uma paciente no Vietnã em 2011.

Karina descobriu isso e passou a entrar em contato com o especialista. Sua irmã, que mora no Canadá e fala inglês fluentemente, ajudou na missão de contatar o cirurgião. Após ver exames e entrar em contato com a equipe do Hospital Marcelino Champagnat, onde a mulher já havia passado por tratamentos, ele aceitou vir para o Brasil ajudar na cirurgia.

Operação para retirada de tumores

Imagem: Reprodução Instagram/@superandoaneurofibromatose

No entanto, isso teve custos e Karina realizou uma vaquinha levantada pelo site Razões para Acreditar, onde conseguiu boa parte do valor. “Vendemos o carro, economizamos muito, tudo pensando nessa cirurgia. Sem o nosso automóvel, ficou difícil até para a Karina se deslocar. Inclusive, uma vez, precisamos ir até São Paulo de ônibus com leito de cama, porque os bancos comuns não eram grandes o suficiente para ela”, contou a irmã, Fátima.

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O médico explica que o caso dela era considerado “inoperável”, mas reitera. “Essa palavra deve estar entre aspas porque em alguns casos eu não a aceito. E o de Karina foi um deles. É um caso perfeitamente possível de ser operado”, explica o especialista.

Apesar disso, o procedimento cirúrgico não foi nada simples. “O tumor do neurofibroma provavelmente tem mais tecido vascular ao redor e dentro dele do que qualquer outro tipo de tumor. A cirurgia durou 11 horas para retirada dos tumores”, completou.

Ao fim do processo, mais de 30 quilos de tumores foram removidos. Isso é cerca de 80% do total presente no corpo dela. O restante vai ser retirado em uma cirurgia menor realizada por médicos brasileiros. O especialista ainda diz que ainda não dá para garantir que os tumores não vão voltar a crescer, mas que a intenção é essa.

“Ainda é cedo para dizer quais são os resultados, mas ela está se recuperando bem. A cirurgia radical de fato pode prevenir a recorrência de um tumor e estamos tentando buscar a base científica para essa hipótese, isso faz parte da minha carreira. Pense na natureza: se você aparar a flor no topo da planta, ela crescerá novamente, mas se você destruir as raízes da planta, isso não será possível. Essa pode ser uma analogia próxima ao que tento fazer com a neurofibromatose”, finaliza.

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