Simulação de computador “joga” estrelas contra um buraco negro; veja o que acontece

Cientistas na Alemanha publicaram estudo que mostra que nem todas as estrelas morreriam em contato com um buraco negro
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 30/11/2021 15h18, atualizada em 01/12/2021 09h47
Ilustração de um buraco negro
Radiação de Hawking emitida pelos bruracos negros é estacionária. Crédito: Redpixel.pl/Shutterstock
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Cientistas do Instituto Max Planck de Astrofísica na Alemanha rodaram uma simulação computadorizada capaz de “jogar” oito estrelas contra um buraco negro com um milhão de vezes a massa do Sol – só para ver o que aconteceria, porque às vezes a ciência consegue ser deliciosamente simples.

Neste cenário, nem todas as estrelas morreram: algumas de fato foram desfeitas, “espaguetificadas” em uma longa cadeia de gases. Outras, porém, perderam apenas parte de suas massas, retornando ao seu formato original pouco depois do encontro.

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Segundo Taeho Ryu, pesquisador associado do instituto, a equipe criou modelos de estrelas com no mínimo um décimo e no máximo 10 vezes a massa do Sol. O estudo – o primeiro de seu tipo a combinar os efeitos físicos da Teoria da Relatividade de Albert Einstein com modelos estelares realistas – foi publicado no Astrophysical Journal.

O vídeo acima mostra que a pesquisa teve o apoio do Centro de Voo Espacial Goddard, da NASA.

As conclusões não são tão óbvias: embora a massa de um objeto seja um aspecto importante no resultado final da interação entre estrelas e buracos negros, ele não é o principal, já que a densidade também tem uma influência grande na equação.

Isso porque, embora paralelos, “massa” e “densidade” não são a mesma coisa: o primeiro é a relação de quantidade de material que um corpo contém. O segundo ajuda a determinar a quantidade de massa presente em um determinado volume.

No caso do estudo alemão, a conclusão mais evidente foi a de que, quanto maior a densidade da estrela, maior a chance de ela ou parte dela “sobreviver” ao encontro com o buraco negro, ao passo que densidades menores inevitavelmente seriam desfeitas por ele.

Note como as estrelas mais amareladas (que representam maior densidade) ainda permanecem após o escape delas da região orbital onde o buraco negro se encontra. As azuis, menos densas, acabam ficando apenas em forma alongada – trilhas de gás.

Entretanto, isso não é uma regra por si só: o vídeo mostra claramente a sobrevivência de uma estrela com 0,3 vez a densidade do Sol. Já outra, de 0,4 vez, não suportou o encontro. Finalmente, uma de 0,7 vez a densidade solar também escapou.

Em outras palavras: o que determina a sobrevivência ou a morte de uma estrela não é “ou a densidade, ou a massa”, mas sim um fator que considere ambos os pilares, entre outros elementos.

A ideia é que o estudo ajude astrônomos a descobrirem a frequência de eventos do tipo no universo e, com isso, criar cenários mais próximos da realidade quando estudarem ocorrências de grande porte como essas.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital