Da mesma forma que nós ativamente procuramos vida extraterrestre no espaço, há quem acredite que outras formas de vida inteligente podem – ou poderão, um dia – nos procurar também. Mas, no caso de estarem nos buscando, como podemos fazer com que alienígenas encontrem o planeta Terra para uma visita?

Existem diversas teorias que empregam tecnologia para criar métodos de direcionamento da vida extraterrestre para o nosso planeta mas, mais do que isso, o mais importante é criar formas para que tais direcionamentos possam ser corretamente interpretados por civilizações que os lerem.

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Imagem de um alienígena olhando para  o leitor, como se procurasse alguém na Terra
Embora as tecnologias cogitadas para “guiarem” os alienígenas até nós apresentem vantagens e desvantagens, muitos especialistas não deixam de experimentar com todas elas (Imagem: SciePro/Shutterstock)

“Se você tenta dizer a alguém onde você está, é normal que você tenha algumas referências, certo? No melhor cenário, referências fixas”, disse ao Live Science Héctor Socas-Navarro, um astrofísico no Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias. “O problema é que nada na galáxia é fixo”.

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Basicamente, o que Socas-Navarro está dizendo é que estrelas e planetas estão sempre em movimento, então a referência que você tem agora pode não ser a mesma no futuro. Em outras palavras, não vai adiantar nada dizermos “dobre à esquerda em Marte”, se Marte estiver do outro lado de sua órbita.

Por causa disso, cientistas desenvolveram métodos mais criativos de comunicação direcional, que pudessem servir de forma ininterrupta. A principal aposta é a transmissão de ondas de rádio, uma parte importante dos estudos de radiação eletromagnética, que inclui também a luz visível, os espectros infravermelho e ultravioleta e toda a sorte de frequência visual e sonora.

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Com uma pequena manipulação, especialistas conseguem inserir mensagens bem complexas em código binário – tida como uma das formas de linguagem mais simples de ser interpretada. E o benefício extra disso é que ondas eletromagnéticas são direcionais. O receptor de uma mensagem assim pode seguir o caminho inverso e chegar ao seu emissor.

Dentro dessa premissa, o rádio se mostra como a melhor escolha: no espectro eletromagnético, existem várias frequências. No espaço, quase todas essas frequências estão congestionadas: vibrações quânticas, radiação estelar… tudo isso atrapalha os sinais e pode fazer com que uma mensagem se perca em meio a todo o barulho ao redor.

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Entretanto, há uma faixa específica, entre 1420 e 1720 megahertz (MHz), que é conhecida como “buraco d’água” – as moléculas de oxigênio e hidrogênio agem com um sistema de abafamento de som, reduzindo estímulos externos. É nessa área que cientistas se concentram há décadas para criarem mensagens que já enviamos a várias partes do espaço.

Em 1974, astrônomos do telescópio Arecibo, em Porto Rico, usaram a estrutura para enviar uma mensagem de rádio em direção ao aglomerado estelar M13 – essencialmente, uma pictografia contendo a molécula de DNA humana, o desenho de um homem (literalmente, um círculo como cabeça e palitos como corpo e membros) e o nosso sistema solar. Avance para 2008, e a NASA enviou a mensagem “Across the Universe” – nada mais do que a música homônima dos Beatles.

Esforços para ampliar nossa capacidade de comunicação usando as tecnologias mais simples marcam a história recente. O problema é que o uso de ondas de rádio também traz desvantagens: elas tendem a se dispersar quanto maior for a distância viajada. A fim de rebater isso, Svetlana Berdyugina, do Instituto Leibniz, na Alemanha, sugere que nós adotemos o laser visível como meio de transmissão. Eles têm a capacidade de viajar mais longe, sem a dispersão e a degradação da mensagem.

Mas mesmo isso traz problemas: lasers são, em essência, feixes de luz concentrados em uma mesma direção. Isso significa que eles não são uma “onda” e, por serem tão estreitos, eles precisam ter um destino certo e um disparo preciso. Em outras palavras: nós já teríamos que saber onde estão os alienígenas que receberiam o sinal da Terra.

Outro método que já foi empregado no passado, mas que ainda se vê muito em períodos contemporâneos é o uso de pulsares: basicamente, são restos extremamente densos de estrelas de nêutrons que emitem feixes de radiação eletromagnética – como um farol estelar. Por serem um objeto raro de se ver na galáxia, eles podem funcionar como pontos de navegação.

Em 1972, Carl Sagan e Frank Drake colocaram uma placa de ouro na sonda Pioneer 10 com desenhos de um homem, uma mulher e um “mapa” da nossa posição para que alienígenas encontrassem a Terra: um compilado de 14 pulsares, mapeados por região. No ano seguinte, uma placa similar também foi colocada na Pioneer 11. E segundo a Nature, a NASA estuda usar os pulsares como uma espécie de GPS cósmico para futuras missões tripuladas em áreas mais profundas do espaço.

O problema dos pulsares é que eles têm direcionamento único. Basicamente, o mapa das placas são representações dos pulsares conforme a nossa perspectiva, então alienígenas que as encontrarem deverão antes entender o que nós enxergamos aqui na Terra para só então seguir um rastro.

Todas as formas de comunicação que conhecemos, infelizmente, trazem soluções para problemas anteriores, mas também trazem dificuldades ainda não superadas por elas próprias. Ainda falta muito para nos comunicarmos com os alienígenas – mas um dia a Terra chegará lá.

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