Imagine você lembrar que existe um buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, o nosso “bairro” no espaço. Imagine também que este mesmo buraco negro não é das figuras mais calmas, ocasionalmente expelindo jatos de hidrogênio e outras substâncias – algo que ele vem fazendo, aparentemente, há milhares de anos.

É, a NASA já confirmou o que nós estamos só “imaginando”, e publicou informações mais detalhadas disso em seu site oficial: “isso é mais uma evidência de que o buraco negro da Via Láctea, com uma massa de 4,1 milhões de ‘Sóis’, não é bem um monstro em hibernação, mas apresenta ‘soluços’ periódicos conforme gases e estrelas e nuvens caem dentro dele”, diz trecho do texto.

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Buracos negros são objetos nascidos de explosões de supernova – a fase final na vida de uma estrela – e constituem os objetos mais poderosos do universo junto das estrelas de nêutrons. Sua capacidade gravitacional é tão grande que nem mesmo a luz consegue lhe escapar.

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E é aí que entram os tais jatos: como buracos negros atraem todo tipo de material – nuvens de gás, estrelas, poeira cósmica, há a dispersão desses materiais, ocasionalmente, em forma de jatos dos mais variados tipos, expelidos graças à imensa força dos seus campos magnéticos.

“O buraco negro central é dinamicamente variável e, atualmente, está desligado”, disse Gerald Cecil, da Universidade da Carolina do Norte nos EUA. Ele assina um estudo sobre o fenômeno observado, recentemente publicado no Astrophysical Journal. O especialista foi motivado pela descoberta de um jato, descoberto em 2013 por tecnologia de raios-x pelo Observatório Chandra e o Very Large Array. Como esse jato parecia partir da parte mais ao Sul do buraco, Cecil queria saber se um jato na direção contrária também existia.

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Para responder à essa dúvida, ele primeiro procurou por arquivos do espectro de moléculas como metanol e monossulfeto de carbono no Observatório ALMA, no Chile, que usa ondas milimétricas para enxergar trilhas de poeira cósmica entre nós e o núcleo da galáxia. Isso revelou uma trajetória linear que poderia ser rastreada até pelo menos 15 anos-luz dentro do buraco negro.

Depois, Cecil e sua equipe analisaram os registros do telescópio espacial Hubble, onde encontraram traços de uma bolha de gás quente, brilhante e inflada que se alinha à trajetória linear encontrada no ALMA. A dedução é a de que o jato saído do buraco negro a tenha atravessado, inflando a bolha. Ambos são a única representação visual desse fenômeno.

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“Conforme ele sopra através do gás, esse jato se dispersa em várias correntes. Essas correntes atravessam o disco de gás da Via Láctea”, disse o co-autor do estudo, Alex Wagner, da Universidade Tsukuba, no Japão. “O jato então se diverge em vários tentáculos, muito parecido com um polvo. Essa dispersão cria uma série de bolhas expansivas que se estendem por pelo menos 500 anos-luz. Essa estrutura maior de ‘bolha de sabão’ foi mapeada em várias frequências por outros telescópios”.

A partir daí, os dois especialistas rodaram simulações computadorizadas com os dados obtidos, confirmando suas teorias. “Tal qual a arqueologia, você escava e escava e encontra artefatos mais e mais velhos remanescentes de uma grande civilização”, disse Cecil, que foi complementado por Wagner: “o nosso buraco negro na Via Láctea claramente teve um surto de luminosidade no último milhão de anos. Isso foi suficiente para que um jato fosse disparado em direção à nossa ‘borda’ galática”.

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