Cientistas encontram várias formas de vida sob gelo da Antártida

Perfuração do gelo permitiu a identificação de criaturas marítimas como briozoários e vermes-espanadores, mas especialistas pedem cuidado
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 30/12/2021 12h23, atualizada em 31/12/2021 10h36
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Imagem: Eleanor Scriven/Shutterstock
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Em uma nova pesquisa publicada neste mês no jornal científico Current Biology, pesquisadores do Instituto Alfred Wegener identificaram uma grande variedade de formas de vida sob o gelo da Antártida – especificamente, 77 espécies que indicam que uma das regiões mais frias da Terra traz uma biodiversidade bem maior do que se imagina.

As espécies foram todas encontradas na camada secular de gelo de Ekström, no Mar de Weddel, e compõem o maior volume de formas de vida encontrada em uma área de gelo – mais do que todas as outras áreas da Antártida combinadas, incluindo as áreas onde há incidência da luz do Sol e há ampla presença de alimento.

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Alguns fragmentos recolhidos de antiga camada de gelo mostram que há muito mais vida na Antártida do que antes se pensava
Alguns fragmentos recolhidos de antiga camada de gelo mostram que há muito mais vida na Antártida do que antes se pensava (Imagem: Barnes et al./Jilin University/Reprodução)

Segundo o paper, as criaturas encontradas incluem briozoários (pequenos invertebrados capazes de formar colônias) e vermes-espanadores, dois tipos de espécies que se alimentam de matéria que chega até eles, suspeitam os especialistas, carregada por correntes abaixo da camada de gelo.

“A descoberta de tanta vida nessas condições tão extremas é uma completa surpresa e nos lembra de como a vida marinha na Antártida é tão especial”, disse o autor primário do estudo David Barnes. “É espetacular que nós tenhamos encontrado evidência de tantos tipos de animais, a maioria se alimentando de microalgas, ainda que nenhuma alga ou planta consiga viver neste ambiente”.

Outra surpresa da pesquisa foi em relação à idade da vida na região: alguns restos mortais, segundo análises de radiocarbono, foram identificados como tendo até 5,8 mil anos, o que levantou também uma preocupação. Barnes afirma que, por mais que algumas dessas espécies tenham sobrevivido por milhares de anos, os próximos séculos serão os mais desafiadores devido ao avanço do aquecimento global.

“[As mudanças climáticas] podem fazer deixar vários lugares mais frios, escuros e com pouca comida, mas o habitat menos perturbado da Terra pode muito bem ser o primeiro a ser extinto, já que as condições da camada abaixo do gelo vão mudando ou sumindo conforme o planeta se aquece”, diz trecho do paper.

Por essa razão, os cientistas urgem para que estudos na área sejam priorizados pelas iniciativas científicas pois, segundo eles, o tempo para analisá-la pode estar acabando.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital