Reator de fusão nuclear na China atinge temperatura de 120 milhões de graus Celsius por mais de 15 minutos

Estrutura de pesquisa conhecida como “tokamak” atingiu recorde em busca de dominar a fusão nuclear como fonte renovável de energia
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 05/01/2022 19h35, atualizada em 06/01/2022 11h04
fusão nuclear
Imagem: PopTika/Shutterstock
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Cientistas da China conseguiram levar um reator experimental de fusão à temperatura de 120 milhões de graus Celsius (120.000.000 ºC), estabelecendo um novo recorde na busca por dominar a fusão nuclear e posicioná-la como fonte renovável de energia

Esse tipo de experimento tem uma premissa bastante simplista: imitar as reações no interior do Sol, que usa a fusão para produzir luz e calor. Por fusão, entende uma vibração de átomos tão intensa que faz com que seus núcleos se fundam. No Sol, isso é feito com hidrogênio, que dá origem ao hélio, que é mais leve que seus átomos progenitores – essa diferença de massa vira energia térmica, liberada pela estrela no espaço.

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O Sol produz energia e calor por meio de fusão nuclear. Cientistas tentam reproduzir esse processo na Terra, no intuito de obter uma fonte de energia renovável e auto sustentável
O Sol produz energia e calor por meio de fusão nuclear. Cientistas tentam reproduzir esse processo na Terra, no intuito de obter uma fonte de energia renovável e auto sustentável (Imagem: sakkmesterke/Shutterstock)

Esse processo vem sendo estudado por cientistas há décadas, que almejam repetí-lo em estruturas conhecidas como “tokamak”. No caso do experimento chinês, ao invés de hidrogênio, os cientistas apostaram em átomos de trítio e deutério, aquecendo-os a temperaturas extremas até seus pontos de fusão (algo próximo de 150 milhões de graus).

Atingir o número é relativamente fácil. O problema é que, para uma estrutura produzir energia com base na fusão de forma contínua, reações do tipo devem ser auto sustentadas – ou seja, o volume de energia gasto deve ser menor do que o produzido, para que o processo se mantenha sozinho, sem interrupção, e o excedente seja aproveitado. Isso acontece no Sol, mas imitar isso na Terra já é bem mais difícil.

Apesar das dificuldades, os cientistas anunciaram que, pouco a pouco, estão chegando neste objetivo: a reação obtida pela China permitiu aos cientistas manterem 120 milhões de graus Celsius por mais de 15 minutos (especificamente, 1056 segundos).

A aposta parece ter dado certo, permitindo à China superar o próprio recorde: os mesmos 120 milhões de graus Celsius, mantidos por 101 segundos, no começo de 2021.

Os cientistas afirmam que continuarão a pesquisa, testando novos elementos e átomos para reações diferenciadas, no intuito de superar o tempo de manutenção sustentável da fusão.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital