Lula é avistada a 6,2 mil metros de profundidade, estabelecendo novo recorde

Encontrou ocorreu “sem querer”, com dois pesquisadores mergulhando para encontrar destroços de um antigo navio de guerra
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 24/01/2022 14h27, atualizada em 26/01/2022 13h31
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(Imagem: Jamieson, Vecchione et al./Reprodução)
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Dois pesquisadores deram a sorte de encontrar uma lula do gênero Magnapinna a pouco mais de 6,2 mil metros de profundidade nos mares do Pacífico Norte. Especificamente, os cientistas mergulhavam na Trincheira das Filipinas, e procuravam outra coisa totalmente diferente — um antigo navio de guerra — quando avistaram o animal.

As lulas desse gênero são facilmente reconhecíveis: elas possuem uma forma distinta de nadar, “perseguidas” pelos seus imensos tentáculos que podem ter até oito metros de comprimento.

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Imagem: Jamieson, Vecchione et al./Reprodução

Alan Jamieson (Universidade de Western Australia) e Michael Vecchione (NOAA National Systematics Laboratory) publicaram um paper detalhando o encontro, que estabeleceu um recorde de profundidade na qual esse tipo de lula foi avistado — no recorde anterior um exemplar do animal foi visto a 4,7 mil metros.

“Esse mergulho mostrou que diversos tipos de cefalópodes podem sobreviver pelo menos nas partes altas dessas trincheiras oceânicas incrivelmente profundas”, disse Vecchione. “Mas isso também levanta outras questões: como essas lulas conseguem viver, fisiologicamente falando, em profundezas entre mil e mais de 6 mil metros, onde a pressão chega a ser 600 vezes maior que no nível do mar?”

As lulas do gênero Magnapinna são comumente apelidadas de “lulas de braços longos”, por razões óbvias. Entretanto, sabemos muito pouco sobre elas, devido aos seus avistamentos serem bem raros e ocorrerem apenas em regiões profundas. O consenso científico é o de que todos os encontros até agora foram com animais em estágio larval ou juvenis.

Por isso, estima-se que exemplares adultos estejam mais fundo no oceano, e podem ter uma aparência diferente. Mais além, também não temos muita noção dos seus hábitos de caça, preferências alimentares ou alguma outra peculiaridade.

Jamieson e Vecchione estavam buscando os destroços do USS Johnston, um navio de guerra norte-americano que afundou após ataque durante a Segunda Guerra Mundial. Na mesma profundidade, os pesquisadores também viram diversos polvos cirrados (também chamados de “polvo-dumbo”, pelas suas “orelhas” bem grandes).

A pesquisa mostra que muitos animais cefalópodes sobrevivem a profundezas oceânicas mais notáveis. Os detalhes completos podem ser encontrados no jornal científico Marine Biology.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital