Sim, elas devoram tubarões, caçam baleias azuis e jogam leões marinhos para o alto simplesmente porque podem. E agora, segundo um novo estudo, podemos atribuir às orcas mais um talento: roubar peixes de criadouros humanos.

Sim, embora as chamadas “baleias assassinas” (que, aliás, é incorreto: orcas não são baleias e estão mais para golfinhos que tomaram anabolizantes demais) raramente ataquem humanos diretamente, elas aprenderam a nos atingir de outro jeito: “na mão leve” (nadadeira leve?). E pior: tal qual um político preso por formação de quadrilha, elas compartilham esse conhecimento entre si.

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Imagem mostra uma orca com os dentes à mostra, parecendo um sorriso
Quem vê esse rosto sorridente nem imagina que o indivíduo na imagem é um ladrão de nadadeira cheia (Imagem: slowmotiongli/Shutterstock)

O estudo buscou traçar um paralelo entre a crescente dificuldade das orcas em encontrar suas presas naturais no oceano (seja pelo aquecimento global ou ampliação de pesca predatória) e o aumento de indivíduos da espécie em situações de ataque a redes e linhas de pesca ou criadouros.

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Estes últimos são velhos conhecidos das baleias-assassinas: quando os pescadores abrem os peixes e os cortam em filés, os restos não utilizados são descartados de volta à água. Obviamente isso vai atrair vários animais — mas convenhamos, quem vai se meter a competir por comida com um gigante alvinegro de oito metros e mais de cinco toneladas?

Os especialistas, então, se concentraram em uma área específica — as Ilhas Crozet, na região sul do Oceano Índico — onde orcas exibiram uma preferência gastronômica por merluzas-negras, um tipo de peixe com tamanho médio de dois metros e 130 kg.

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Sabe quem também gosta de merluzas-negras? Nós, já que o preço do quilo desse peixe pode chegar a US$ 25 (R$ 184,93) em alguns mercados, tornando essa uma “quase” iguaria dos mares. Você já está vendo aonde isso vai dar.

O estudo, em si, foi mais simples do que aparenta: orcas têm padrões de cor exclusivos — assim como nas impressões digitais dos humanos, não existem dois indivíduos iguais. Isso facilita identificá-las. Analisando fotos tiradas por cientistas e pescadores da região, os autores do estudo não identificaram nenhum movimento migratório que levasse mais animais às ilhas — entretanto, o volume de “arrastões” aumentou entre 2010 e 2017, indo de 17 para 43 ao longo desses anos.

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Em outras palavras: algumas orcas aprenderam a roubar peixes de criadouros humanos, e, na fuga, contaram para “os parças” como eles também poderiam fazer o mesmo.

Os detalhes do estudo foram publicados no jornal científico Biology Letters. Quem assina o material é a bióloga marinha Morgane Amelot, do Institut Français de Recherche pour l’Exploitation de la Mer (“Instituto Francês de Pesquisa da Exploração do Mar”, na tradução direta).

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