À FCC, NASA diz que satélites da Starlink podem atrapalhar detecção de asteroides

Agência espacial pediu a órgão regulador que recomendasse mais pesquisa e uma entrega de satélites mais cuidadosa para a SpaceX
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 10/02/2022 18h03, atualizada em 11/02/2022 11h25
Imagem mostra uma antena da Starlink, cujos satélites cientistas conseguiram usar como GPS
Imagem: SpaceX/Divulgação
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A segunda geração de satélites da SpaceX pode ter encontrado um obstáculo bem grande: a NASA disse à FCC — o órgão regulador das telecomunicações nos EUA — que a sequência do projeto de internet via satélite Starlink pode atrapalhar grandemente projetos astronômicos, como as imagens feitas pelo telescópio Hubble ou a detecção de asteroides.

As preocupações da NASA ressaltam que o grande porte do projeto (a SpaceX almeja posicionar mais de 30 mil satélites na baixa órbita da Terra) aumentaria significativamente o risco de conjunção orbital — ou seja, trajetórias na atmosfera da Terra onde dois ou mais objetos se cruzam — além de dificultar previsões de trajeto de missões dela e de outras agências no espaço.

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Imagem: AleksandrMorrisovic/Shutterstock

“Com o aumento de propostas para mega constelações enviadas à FCC, a NASA sinaliza preocupações com o potencial de aumento significativo da frequência de eventos de conjunção e possíveis impactos com missões científicas e humanas da agência”, diz trecho da carta.

“Consequentemente, a NASA entrega esta carta com o propósito de oferecer uma melhor compreensão de suas preocupações, em respeito a todos os objetos colocados em órbita, e também para minimizar mais o risco de colisões, para o benefícios de todos os envolvidos”.

Vale lembrar: a carta não é uma recomendação pela rejeição de pedidos pendentes — como o da SpaceX — mas sim que uma análise mais aprofundada seja feita para que o processo sirva sem problemas para todos as partes.

Uma outra reclamação é a possibilidade de os satélites — posicionados a uma altura inferior aos lançados pela NASA — acabem refletindo demais a luz do Sol, atrapalhando missões de captura de imagem e pesquisa.

Mais além, os satélites da SpaceX ficam na faixa dos 328 a 360 quilômetros (km) de distância da superfície. Acima desse ponto, contudo, temos a Estação Espacial Internacional (ISS). Qualquer lançamento para ela — seja carga ou tripulação humana — consequentemente teria que desviar de inúmeros satélites, ampliando o risco de alguma colisão.

A FCC e a SpaceX não comentaram as preocupações posicionadas pela NASA.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital