A Renault mostrou nesta sexta-feira (18) um teaser do seu primeiro carro movido a hidrogênio, ainda sem nome definido e em fase de conceito. O anúncio do modelo marca um avanço da montadora no plano estratégico “Renaulution”, traçado no início de 2021 e focado na transição para carros elétricos ou outros tipos de alimentação sustentável.

De acordo com o CEO da Renault, Luca de Meo, o carro conceito terá uma versão 100% elétrica além do modelo a hidrogênio. Pela imagem, há semelhanças do modelo com o Megane a bateria, especialmente no formato dos faróis e no capô delineado. O carro também parece ser um SUV e trazer câmeras em vez de espelhos retrovisores, com uma dianteira que remonta aos novos subcompactos Renault 5.

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De Meo enfatizou também que o conceito é muito mais do que um estudo do design. “Quando fazemos um conceito, queremos levá-lo para carros reais”, ressaltou, em comunicado à imprensa.

Renault não diz que tipo de motor a hidrogênio será

Até o presente, a Renault nunca havia mencionado nenhum plano ou intenção de usar a combustão de hidrogênio como meio de propulsão. Na verdade, a montadora também não deixou claro como o motor funcionará, ou seja, se será a combustão interna ou a célula de hidrogênio. Como no comunicado não são mencionadas células de hidrogênio “motor a hidrogênio”, alguns interpretaram como um motor de combustão interna movido a hidrogênio – uma ideia que praticamente só tem adeptos no Japão.

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Toyota e Yamaha, por exemplo, anunciaram recentemente a intenção de produzir um motor de combustão interna V8 5.0 movido a hidrogênio. Ele será baseado no atual propulsor adotado no cupê Lexus RC F, com modificações nos injetores, no cabeçote e uma série de outros componentes. Segundo a Yamaha, o motor poderá entregar 449 cavalos a 6.800 rpm.

A graça, podemos dizer, do motor a combustão interna a hidrogênio é que o carro é praticamente idêntico a um a gasolina ou etanol: carrega no posto por meio de um tubo, rapidamente e – o que parece o ponto mais importante para fãs de carros clássicos e esportivos – faz barulho igual.

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Nesse tipo de motor, o hidrogênio é queimado de forma explosiva, fazendo os cabeçotes se moverem. Exatamente como um carro a álcool ou gasolina. Mas ele elimina vapor de água pelo escapamento, no lugar de dióxido e monóxido de carbono, por conta da química completamente diferente dessa combustão. A ideia, no geral, é produzir um combustível sintético (hidrogênio saído de laboratório) que consiga chegar próximo à neutralidade de emissão de gases-estufa.

Já nos propulsores com células de combustível, é bem diferente. Uma reação química na célula é feita com hidrogênio, também emitindo vapor de água, mas gerando eletricidade no lugar de uma explosão. Isso alimenta um motor elétrico. Não faz barulho, mas também é abastecido no posto, não na tomada.

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Hidrogênio tem futuro?

O caso é que motores elétricos são até oito vezes mais eficientes que motores a combustão interna, inclusive os a hidrogênio. Simplesmente um motor assim gastaria oito vezes mais do mesmo combustível. Não parece valer a pena só pelo barulho. E mesmo carros a célula de hidrogênio são muito menos eficientes que os a bateria.

A Renault pontos de abastecimento para veículos comerciais com hidrogênio, o que poderia servir para tanto célula quanto combustão. Mas planeja se tornar 100% elétrica até 2030, o que tem mais cara da segunda.

O mistério deve ser resolvido só no anúncio oficial, com os detalhes do trem de força aparecendo então. A ideia é apresentar o conceito em maio “durante um grande evento”, em que a montadora falará sobre os três temas centrais na sua estratégia de transformação: segurança, inclusão e meio ambiente.

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