Pesquisadores da China propuseram algo, no mínimo, curioso, para proteger crianças que nasceram com algum tipo de edição de genomas. Para os pesquisadores, seria necessário construir uma instalação especial para cuidar e estudar essas crianças geneticamente modificadas.

Em artigo enviado para a Nature Reports, mas que ainda não foi publicado, o professor de filosofia da Academia Chinesa de Ciências Sociais Qiu Renzong e o bioeticista da Universidade de Ciência e Tecnologia Huazhong Lei Ruipeng, propuseram “a melhor forma de cuidar dos ‘bebês Crispr’ ”.

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Encontrar possíveis erros

Segundo os pesquisadores, é bem possível que erros possam ocorrer durante a edição dos genes, por conta disso, os genomas dessas crianças geneticamente modificadas devem ser sequenciados e analisados regularmente. O objetivo é encontrar toda e qualquer anormalidade.

As crianças em questão são frutos de embriões editados que tiveram edição de genes em 2018. O pesquisador responsável pela criação das crianças geneticamente modificadas, He Jiankui, inclusive, foi preso por seus experimentos, que são extremamente antiéticos, e deve ser julgado nos próximos meses.

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Processo de edição de DNA pode ter sido realizado com erros, que precisam ser monitorados, defendem os pesquisadores. Imagem: ktsdesign – Shutterstock

É possível que as crianças não tenham nenhum problema ocasionado pelo processo de edição de genes. No entanto, os pesquisadores acreditam que o monitoramento regular do genoma é a melhor forma de garantir sua segurança.

“Este é o nosso desejo”, disse Qiu à Nature , referindo-se à possibilidade de que os genes das crianças não sejam afetados. “Mas quem poderia ter certeza disso?”, completou o pesquisador. Porém, é muito difícil encarar a proposta de “guardar” crianças geneticamente modificadas com naturalidade.

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Proposta não deve ser bem aceita

E é por conta disso, que a proposta dos pesquisadores chineses deve e vai receber uma boa dose de rejeição da comunidade médica pelo mundo afora. A principal queixa é de uma invasão desnecessária à privacidade dessas crianças.

“Proteções especiais também podem se traduzir em vigilância mais intensa”, disse o antropólogo médico do Instituto Alfred Deakin Eben Kriksey, à revista Nature. Porém, parte dessa preocupação pode se dar apenas por conta do ineditismo desta tecnologia.

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Com a evolução da tecnologia de edição genética, como o Crispr, não só é possível, como provável, que a modificação genética de crianças seja disponibilizada, inclusive, comercialmente. Portanto, também há quem defenda que há um argumento convincente para já entendermos os riscos agora.

Via: Futurism

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