Não grunhidos, mas gestos: estudo mostra que comunicação humana começou nas mãos

Estudo desmente séries e filmes da cultura pop, que sempre retratou conversas do homem pré-histórico com sinais vocais
Rafael Arbulu16/03/2022 15h29
Homem Denisovano
Imagem: Neanderthal Museum/Shutterstock
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Embora a cultura pop – sobretudo séries e filmes – retrate as conversas do homem pré-histórico como um conjunto de grunhidos, um novo estudo sugere que a comunicação humana começou com gestos. O material publicado no Proceedings of the Royal Society B usou dois grupos de voluntários para testar a hipótese.

O time internacional de cientistas inclui pessoas da Austrália, Alemanha e Estados Unidos, e usou grupos de foco não apenas de diferentes nacionalidades e idiomas, mas também diferentes culturas.

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O início da comunicação entre os homens pré-históricos se deu não por grunhidos, mas sim por gestos, segundo aponta novo estudo
O início da comunicação entre os homens pré-históricos se deu não por grunhidos, mas sim por gestos, segundo aponta novo estudo (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Um grupo juntou pessoas da própria Austrália, enquanto o outro usou apenas voluntários de Vanuatu, uma nação do Pacífico formada por cerca de 80 ilhas, todas ligadas à cultura melanésia.

O método do estudo foi simples em sua execução: os voluntários receberam pequenas charadas que deveriam ser interpretadas apenas com gestos – uma pessoa encena o que diz o enigma, as outras tentam adivinhá-lo. Depois, o mesmo processo foi reconduzido, desta vez limitando as interpretações apenas a grunhidos.

A teoria testada pelos cientistas rege que, se gestos fossem uma forma universal de comunicação, então sinais usados pelas duas culturas poderiam ser similares. Ao comparar os dados, essa premissa se confirmou: a comunicação das charadas teve maior eficácia – e, consequentemente, maior taxa de adivinhação – quando elas foram descritas com sinais das mãos.

Para confirmar a validade do experimento, os pesquisadores o repetiram, desta vez selecionando apenas voluntários com alguma deficiência visual. Mais uma vez, os grunhidos foram superados pelos gestos – uma pessoa fingir segurar um copo de levá-lo à boca para reproduzir a ideia de “bebida”, por exemplo.

O experimento tem uma natureza lógica, que insinua que a linguagem gestual era superior aos grunhidos nos períodos pré-históricos. Antes do desenvolvimento do discurso formal – isto é, idiomas que evoluíram até as conversas faladas como as conhecemos hoje -, os homens pré-históricos só tinham essas duas opções, então faz sentido que uma se sobrepusesse à outra para repassar uma ideia.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.